A Starkdata nasceu em 2019, mas só iniciou actividade em 2020, tendo sofrido o efeito pandemia. Paulo Figueiredo, CEO da startup, explica à PCGuia que, na altura, ainda não exista o boom da inteligência artificial, mas que se aperceberam de que a tecnologia ia «possibilitar que as empresas tirassem um valor estratégico dos dados que tinham» e, assim, decidiram criar uma startup na área de «enterprise AI». O foco foi permitir às empresas «conhecerem melhor os seus clientes, conseguir perceber as preferências, fazer o cross-selling de produtos, previsões de consumo e segmentação comportamental de maneira a servir melhor os clientes dos nossos clientes». Desta forma, a Starkdata desenvolveu uma plataforma SaaS de inteligência artificial e machine learning que faz análise preditiva «desde a recolha, selecção e normalização de dados das empresas à geração de indicadores de gestão disponíveis em dashboards», permitindo às «empresas extraírem mais valor dos dados dos clientes que possuem».
Esta solução é diferenciadora em relação ao que existe no mercado, salienta Paulo Figueiredo: «Agregamos todos os dados que as empresas têm sobre os seus clientes, que podem ser, não só as transacções que fazem, mas também as visitas ao site, as chamadas telefónicas e os e-mails, entre outras coisas, para criar indicadores de preferências de consumo. Depois, usamos esses indicadores inteligentes como input para outros modelos. As outras empresas não fazem isto pois, em geral, dão soluções sectoriais. Nós fazemo-lo a um custo menor e com uma velocidade de implementação muito mais rápida».
Sem investimento externo
A Starkdata orgulha-se de ser «self funded» e Paulo Figueiredo explica o porquê da estratégia de não terem investimento externo, apesar de serem já considerados uma startup de nível growth: «Colocámos a exigência de mostrarmos o valor daquilo que fazíamos através das vendas, o que é muito difícil». Hoje, a empresa trabalha em três áreas: retalho/produtos de consumo, banca/serviços financeiros e saúde. O CEO explica que a empresa foi parar a este último sector «de forma acidental, na altura da COVID» ao participar num programa europeu cujo desafio passava por perceber como é que a «inteligência artificial poderia trazer disrupção na indústria farmacêutica». Assim, a Starkdata adaptou os «modelos de previsão de produtos de consumo ao consumo de medicamentos em farmácias, no sentido de garantir que não havia falta de genéricos».
Futuro promissor
Neste momento, a startup está numa posição em que «acredita na internacionalização e em expandir o número de clientes que tem nas indústrias que serve», assegura o empreendedor. +Os planos de expansão internacional passam pelo Reino Unido e Estados Unidos, dado terem participado no Select USA, o que abriu as perspectivas em relação ao mercado norte americano: «O facto de ser um mercado grande não quer dizer que seja fácil. É altamente competitivo e muito exigente em termos de capacidade de entrega profissional, ou seja, de produtos maduros», esclarece o responsável.
Recentemente, a Starkdata lançou o seu primeiro agente de IA para empresas, o starkVision, que possibilita às organizações «interagirem directamente com os seus dados, através de linguagem natural» e, assim, «automatizar acções a partir de insights», revela Paulo Figueiredo. O responsável acredita que isto «irá mudar de forma radical a gestão de clientes e operações».
Já sobre as perspectivas para o futuro, além do início da internacionalização em 2025, o CEO é claro: «Daqui a uns anos gostaríamos de ser uma empresa de inteligência artificial que começasse a ser a referência da sua área de actividade, nos Estados Unidos».