A nanotecnologia é o estudo e combinação de materiais à escala nanométrica (uma fracção mil milhões de vezes mais pequena que um metro), multidisciplinar, com aplicações práticas em áreas tão distintas como medicina, computação, energia, meio ambiente e indústria. Para mim, é a derradeira tecnologia de interface homem-máquina.
Esta exploração científica permite, no limite, controlar átomos e recombiná-los em novas moléculas, moléculas estas que se conjugam para formar materiais e formas infinitamente mais eficientes de recolher e armazenar energia de fontes renováveis. Abrem-se também portas ao grande potencial da nanorrobótica, onde são desenhadas máquinas à escala nanométrica capazes de exercer tarefas sensoriais e actuar à escala molecular.
Uma das aplicações mais antecipadas da nanorrobótica é o desenvolvimento de nanobots capazes de identificar e destruir células anómalas no corpo, sem afectar as restantes, devido ao grande potencial para criar uma cura para o cancro. Outra área relevante da nanorrobótica é a ‘Internet das Nano Coisas’, onde diferentes nanobots comunicam entre si formando uma rede que lhes permite não só executar tarefas diferenciadas em conjunto, como também comunicar o seu estado e o estado do ambiente onde estão integrados, numa rede semelhante à Internet. O potencial da sua aplicabilidade na biomedicina, agricultura, indústria e militar é quase ilimitado.
A nanotecnologia não é apenas um conceito futurista; já começou a integrar-se nas nossas vidas através de materiais mais resistentes, leves e duradouros, componentes electrónicos mais eficientes, novos sistemas de purificação de água e formas de produzir e conservar alimentos. No entanto, como em qualquer outra área de grande inovação tecnológica, é importante começar desde já a criar uma regulamentação adequada, pois a toxicidade dos nanomateriais ainda não é totalmente compreendida e o seu descarte pode ter impactos ambientais significativos. Ainda mais preocupante é o seu uso militar, que tem um potencial furtivo extraordinário.
A União Europeia já começou a definir várias directrizes e regulamentos para garantir a segurança e a sustentabilidade das nanotecnologias. A Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) desempenha um papel importante na avaliação e regulação de nanomateriais. No entanto, no que diz respeito à nanorrobótica, muito ainda está por ser feito para assegurar um desenvolvimento ético e seguro. Isso inclui a avaliação de riscos e a implementação de medidas de controlo, que terão de passar obrigatoriamente por uma colaboração interdisciplinar entre cientistas, engenheiros, éticos e legisladores, de forma a serem consideradas todas as questões técnicas e sociais desta tecnologia, que tem o potencial para mudar o mundo e a forma como todos vivemos nele.