A primeira conferência da Web Summit 23 trouxe Andrew McAfee ao palco principal, para uma palestra sobre os perigos do desenvolvimento de IA. Aquele que é um dos principais investigadores do MIT falou sobre duas “equipas”, que representam outras tantas formas de abordar a inovação neste domínio.
Basicamente, Andrew McAfee fala numa abordagem em que os governos regulamentam o acesso às tecnologias e pautam o ritmo do desenvolvimento – a chamada ‘upstream governance’: «Uma vez que algumas tecnologias são tão poderosas, devem ser lançadas com muito planeamento inicial e supervisão contínua», disse McAfee.
Um dos exemplos de upstream governance (em tradução livre, ‘regulamentação a montante’) é a Artificial Intelligence Act da União Europeia, uma série de regras que se vão aplicar ao desenvolvimento de IA. Foi exactamente sobre este tema que, recentemente, o consórcio português Centro para a IA Responsável partilhou um documento com cinco proposta de alteração.
A outra “equipa”, onde McAfee diz estar, é a ‘permissionless innovation’, em que o desenvolvimento tecnológico não está dependente da alçada de qualquer autoridade – ou seja, não obriga a permissões. «As inovações que forem consideradas importantes têm de ser expostas a muitas tentativas de as melhorar e isso só se consegue se foram descentralizadas das autoridades».
Contudo, Andrew McAfee sublinhou isto não significa que «não sejam regulamentadas», até porque esta é uma abordagem no desenvolvimento de IA que «traz mais risco», entre estes «desinformação, perda de postos de trabalho e problemas de segurança».
Ao mesmo tempo que defende uma abordagem permissionless na inteligência artificial, e depois de pesar os riscos que isto pode trazer em comparação com os benefícios (que o investigador do MIT considera serem superiores), Andrew McAfee deixou um aviso: «A extinção por IA deve ser colocada ao nível dos outros eventos de extinção, como o impacto de um meteorito».