Um estudo publicado recentemente, dá conta dos resultados de uma experiência para reconstruir padrões músicas a partir dos impulsos eléctricos do cérebro, com ajuda de um sistema de inteligência artificial. O objectivo da experiência, é fazer avanços nas comunicações das interfaces entre máquinas e o cérebro, para ajudar pessoas com doenças neurológicas que impedem a fala.
O estudo foi publicado no jornal PLOS Biology, e centrou-se em 29 pacientes operados ao cérebro no Albany Medical Center em Nova Iorque. Durante as cirurgias, que tinham o objectivo de tentar curar convulsões que não respondiam a tratamentos convencionais, os pacientes aceitaram terem eléctrodos ligados ao cérebro enquanto o tema ‘Another Brick in the Wall’ dos Pink Floyd tocava na sala de operações.
Os eléctrodos, foram usados para gravar a actividade eléctrica gerada no cérebro de cada paciente. Mais tarde, foi usado um sistema inteligência artificial para analisar e combinar os dados. O resultado é uma versão distorcida, mas reconhecível do tema da banda britânica.
O modelo de IA foi treinado usando dados recolhidos a partir de 29 voluntários e, de acordo com o estudo, foi reproduzido 90% do tema durante a operação tendo sido deixados de fora 15 segundos. A equipa usou o modelo de IA para preencher os 15 segundos em falta recorrendo aos dados recolhidos nos pacientes.
A leitura e recriação da actividade cerebral, não é novidade no campo das neurociências. Já foram usadas tecnologias de IA para descodificar sinais cerebrais e convertê-los para imagens a partir de pensamentos. O inverso também já foi feito: inserir imagens e informação directamente no cérebro sem passar pelos nervos ópticos.
Embora não seja uma reprodução perfeita do tema do Pink Floyd, como se pode ouvir, é um passo na direcção do desenvolvimento de tecnologias para devolver a fala a pessoas que tenham sido vítimas de AVC ou de acidentes.