A Huawei, que em tempos chegou a superar a venda de smartphones (em unidades) das rivais Samsung e Apple, com 35% de quota de mercado em Portugal no primeiro trimestre de 2019, encontra-se actualmente numa situação muito delicada, com vendas marginais em praticamente todos os mercados ocidentais, desde que em 2019 a administração Trump aplicou várias restrições, invocando questões de segurança nacional.
Desde então, a Huawei viu-se obrigada a diversificar a sua oferta, que passou a consistir não somente de dispositivos móveis, como smartphones, tablets, smartwatch e auriculares, passando por colunas inteligentes, auscultadores, mas também por outros tipos de dispositivos, como computadores portáteis e monitores, mas sem nunca descurar a inovação e a elevada qualidade de construção que tem sido típica nos equipamentos da marca.
Segundo uma grande reportagem publicada pelo jornal Politico, a Huawei está a mudar radicalmente a sua estratégia global, tendo o fundador da empresa, Ren Zhengfei, anunciado durante o Verão que a marca iria abandonar os mercados onde as maiores sanções estão em vigor, como os EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, bem como a Índia.
Porém, mais mercados poderão ser afectados, em particular o mercado europeu, com a aplicação de uma nova reestruturação que, segundo várias publicações, pretende fechar vários escritórios locais, concentrando grande parte das operações na sua nova sede europeia, em Dusseldorf, na Alemanha. Ora, tal afirmação é falsa, embora exista realmente uma forte reestruturação europeia da Huawei.
Após contactarmos a Huawei Portugal, a mesma respondeu com as seguintes afirmações:
“A Huawei decidiu integrar as suas empresas na Europa, estabelecendo um escritório regional europeu com sede em Dusseldorf, na Alemanha. Esta nova organização regional irá ajudar-nos a trabalhar mais de perto e a servir melhor os nossos clientes. A nova estrutura foi pensada para ser mais uniforme, ágil e eficiente, o que nos permitirá reforçar ainda mais as operações das nossas empresas locais e permitir que as nossas equipas locais criem mais valor para os nossos clientes, apoiando-os de forma eficiente no seu sucesso empresarial.”
Com esta afirmação, ficamos a saber que a Huawei manterá operações locais, embora seja claro que grande parte da estrutura, muito provavelmente financeira, marketing e administrativa, passe a ser gerida pela nova sede europeia em Dusseldorf. A Huawei CBG (Consumer Business Group) reforçou com a seguinte afirmação:
“Para a Huawei os clientes estão sempre em primeiro lugar, e tudo faremos para responder, de forma eficiente, às suas necessidades. Continuamos empenhados em impulsionar a inovação para trazer experiências inteligentes, assim como fornecer produtos e serviços pós-venda de alta qualidade aos consumidores em Portugal.”
No entanto, este comunicado não explica se a estratégia da Huawei para a Europa manterá o desenvolvimento e comercialização de dispositivos móveis, como tem sido feito até então.
Recordamos que, segundo dados dos últimos trimestre nas vendas de smartphones na Europa, que a Huawei já nem sequer entra no Top5 das marcas mais vendidas, o que demonstra bem o impacto que as sanções aplicadas pela administração norte-americana tiveram no fabricante chinês.