Os Deepfakes são daquelas tecnologias que têm tanto de impressionante, como de perigoso. O perigo vem da possibilidade de se conseguir criar um vídeo ou imagem parada de uma pessoa a dizer ou fazer algo que nunca faria ou diria. Há anos que várias empresas estão a trabalhar em formas de distinguir entre vídeos falsos e verdadeiros. Uma das soluções mais inovadores e eficazes parece ser a que a Intel apresentou recentemente.
Por regra, as imagens falsas, também conhecidas como Deepfakes, envolvem a sobreposição da cara e voz de uma pessoa, na imagem de outra. Esta técnica começou a ganhar alguma visibilidade há alguns anos quando os sites de pornografia começaram a banir vídeos onde esta técnica era usada para colocar as caras de actrizes famosas em imagens de actores de filmes pornográficos.
Desde essa altura, a sofisticação dos vídeos Deepfake tem aumentado bastante e actualmente estão disponíveis centenas de aplicações para dispositivos móveis, que permitem colocar as caras de quem se quiser em cenas de filmes, usar imagens de versões mais jovens de actores conhecidos e também para restaurar fotografias antigas.
Para além da pornografia e das partidas, um dos principais perigos dos Deepfakes são a divulgação de notícias falsas, como por exemplo no caso do vídeo em que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky anunciava a rendição às forças russas, que começou a ser distribuído nas redes sociais no início deste ano.
Várias organizações, incluindo o Facebook, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, a Adobe e a Google, criaram ferramentas desenhadas para identificar Deepfakes. A ferramenta desenvolvida pela Intel, chamada ‘FakeCatcher’, utiliza uma técnica diferente para identificar estas imagens: o fluxo sanguíneo.
Em vez de utilizar o método clássico, que procura alguns sinais de falsificação no vídeo, a solução da Intel usa deep learning para analisar as alterações de cor subtis, que são causadas pela passagem do sangue pelas veias da cara, um processo que se chama fotopletismografia.
O FakeCatcher procura sinais de fluxo sanguíneo nos píxeis que compõem a imagem suspeita de ser Deepfake e examina os sinais de circulação em vários fotogramas. De seguida, passa os dados recolhidos por um módulo de classificação. Esse módulo decide se a imagem é real ou falsa.
A Intel combinou esta técnica com a detecção do movimento dos olhos, para determinar se um vídeo é real em apenas alguns milissegundos e com 96% de precisão. Segundo a empresa, esta plataforma usa processadores Xeon Scalable de terceira geração com até 72 streams de detecção e funciona através de uma interface web.