A Deepmind, uma empresa do universo Alphabet, anunciou ontem que vai publicar previsões para virtualmente todas as proteínas conhecidas pela ciência. Espera-se que este avanço aumente significativamente a velocidade de desenvolvimento de novos medicamentos e em outras novas tecnologias. A base de dados expandida, revelada esta semana, aumenta o número de proteínas catalogadas pela Deepmind em 200 vezes, de um milhão para cerca de 200 milhões.
As previsões foram obtidas através do software de Inteligência Artificial AlphaFold da Deepmind. Em 2020, o Alphafold provou que conseguia prever a forma da estrutura de certas proteínas e criar modelos tridimensionais com uma precisão nunca antes conseguida. A Deepmind começou a publicar algumas destas estruturas na sua base de dados pública no ano passado, começando com as estruturas conhecidas de 20 espécies e 98% de proteínas do corpo humano.
A Deepmind acredita que esta grande expansão, que inclui previsões de estruturas das proteínas de plantes, bactérias, animais e de outros organismos, possa criar novas oportunidades para os cientistas avançarem a pesquisa necessária para atacar problemas como a sustentabilidade e segurança alimentar. A Deepmind disponibiliza todas as estruturas para descarregar através das Cloud Public Datasets da Google.
Antes de se utilizar o AlphaFold, a previsão de proteínas envolvia experiências através de Raios X, microscópios e outras ferramentas. Segundo do director e fundador do Scripps Research Translational Institute, Eric Topol, o AlphaFold reduziu o tempo para prever com precisão a estrutura de uma proteína, de meses para alguns segundos.
Já a directora emérita do European Bioinformatics Institute, Janet Thornton, disse: “Há muitas aplicações para esta informação. A base de dados é como uma loja onde podemos ir buscar a nossa proteína predilecta e olhar para ela, instantaneamente.”
Cientistas em todo o mundo já começaram a usar os modelos gerados pelo AlphaFold para fazerem avançar as pesquisas nos seus campos. Naturalmente, a Alphabet também está interessada em lucrar com a informação. No final do ano passado, anunciou a criação de uma nova empresa, chamada Isomorphic Labs, que tem como objectivo usar a informação obtida pelo AlphaFold para desenvolver novos medicamentos.