A Bairro foi criada Artem Kokhan e Milana Dovzhenko (na foto) em plena pandemia. Os empreendedores, que já trabalhavam na área do e-commerce há oito anos e tinham uma empresa em Portugal, decidiram criar um novo projecto ligado ao quick commerce já que ambos conheciam bem a realidade deste tipo de comércio, que na Rússia, nos EUA e na China é uma realidade há alguns anos. Milana Dovzhenko, co-fundadora da startup, explica que o País e a Europa, em geral, «estão atrasados na área do Foodtech» e, por isso, viram que existia «uma oportunidade já que a oferta e a procura de eGroceries era totalmente diferente, as pessoas queriam valorizar o seu tempo e aderir a novas tecnologias».
A responsável esclarece que desenvolveram «uma aplicação e começaram a testá-la e os resultados forma muito encorajadores» e por isso, em Março de 2021, abriram a «primeira dark store» (uma mercearia igual às outras, mas à qual o cliente não vai presencialmente).
Hoje têm cinco lojas – Marquês de Pombal, Laranjeiras, Parque das Nações, Carnaxide e Benfica – e garantem entregas em quase toda a cidade de Lisboa com tempo médio de entrega de quinze minutos e sempre em menos de trinta. Além de entregas rápidas, a Bairro não tem taxa de entrega, pedido mínimo e proporciona uma gama de produtos que corresponde aos «top sellers e às marcas mais consumidas em Portugal». Outro factor diferenciador da startup é que os estafetas são contratados directamente – Milana Dovzhenko justifica: «Os estafetas são a nossa cara junto dos consumidores. Fornecemos todo o equipamento, desde a bicicleta ou moto eléctrica, a casacos, camisolas e mochilas. Com tudo isto a qualidade dos colaboradores aumenta bastante. Penso que fomos a primeira startup de entregas a colocar os estafetas a trabalhar directamente para a empresa».
Ajudar com o desperdício alimentar
A co-fundadora alerta que «não estão a pensar substituir os supermercados», mas sim a promover um consumo responsável e garantir que o quando um consumidor precisa de um produto pode pedi-lo facilmente em vez e estar a ir de carro a uma loja». A empreendedora salienta ainda que o modelo de quick commerce pode ajudar no «desperdício alimentar». Em Milana Dovzhenko acredita que se «o consumidor for educado a ter um consumismo responsável é melhor para a sustentabilidade. É que não é preciso comprar a mais como se faz habitualmente com medo que falte algo. Assim, isto ajuda a reduzir o desperdício alimentar já que as produções podem ser feitas mais de acordo com os consumos».
Sobre a concorrência, a responsável realça que são os «hipermercados porque o consumidor ainda não está educado para comprar através de uma aplicação móvel» e vê outras apps de entregas como «concorrentes indirectos já que algumas têm taxas de entrega e não têm garantias de stock».
Começar pequeno para expandir
Tudo começou com a dark store do Marquês de Pombal, como salienta a co-fundadora: «A nossa actividade iniciou-se de forma hiperlocal para garantir que tínhamos uma equipa forte que garantisse que todos os processos eram feitos de forma correcta. O nosso objectivo não era ser uma grande organização, mas estarmos bem organizados para conseguirmos replicar o modelo nas próximas dark stores e é o que tem vindo a acontecer». Milana Dovzhenko diz que um dos próximos passos é «expandir a gama de produtos alimentares e bens de consumo», assim como «apostar nos produtos farmacêuticos». A ideia é a chegar ao Porto e depois expandir para todo o País, mas há já planos de internacionalização. Espanha e Marrocos são os mercados-alvo e Milana Dovzhenko destaca que, para isso, é preciso que a parte tecnológica esteja bem desenvolvida. O investimento de 1,2 milhões de euros conseguido recentemente será, então, aplicado ao desenvolvimento da plataforma de quick commerce e para aumentar a equipa, que deve triplicar e chegar aos 150 colaboradores no final do ano.