A Universidade de Coimbra (UC) tem um projecto energético em mãos, o KIDIMIX, que está a testar a viabilidade de usar dióxido de carbono (CO2) na geotermia. A investigação é feita por Cecília Santos e Ana Ribeiro, do Centro de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC.
Estas duas investigadoras estão a tentar provar que o dióxido de carbono pode ser usado na «extracção de energia geotérmica», já que, em teoria, este composto químico gasoso, quando em estado supercrítico, consegue desempenhar este papel.
Dióxido de Carbono: um óptimo candidato
O estado supercrítico caracteriza-se pelo facto de os compostos «apresentarem simultaneamente propriedades líquidas e gasosas quando expostos a pressão e temperatura superiores às do seu estado crítico». No caso do CO2, este limite é atingido quando o gás chega a uma temperatura de 304,1 graus Kelvin, uma pressão de 7,38 MPa e uma densidade de 0,469 g/cm3.
É com a «temperatura e pressão existentes à profundidade a que o armazenamento geológico ocorre» que o CO2 entra num estado supercrítico, o que «faz dele um óptimo candidato para a extracção de energia geotérmica», explicam as investigadoras.
Da teoria à prática…
Contudo, esta possibilidade «nunca foi testada, ou seja, não existe informação experimental que explique o que é que acontece ao CO2 a partir do momento em que entra nas rochas», lembra a UC. Os únicos dados disponíveis são os que as investigadoras apuraram com «base em modelos teóricos».
O projecto KIDIMIX começou em 2018 e tem um financiamento de duzentos mil euros atribuído pelo programa COMPETE 2020 e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. A data de conclusão está marcada para 14 de Julho de 2022.
Energia geotérmica em Portugal
No País, apenas os Açores têm energia geotérmica; segundo dados de 2021 APREN, esta é mesmo a principal fonte de energia renovável no arquipélago, com uma “fatia” de 22,38% do “bolo” da produção “verde”.
A potência anual desta energia nos Açores é de 235,5 MW e dois dos principais pólos de produção geotérmica estão na Ilha de São Miguel: as centrais da Ribeira Grande (16,6 MW) e do Pico Vermelho (13 MW). Na Terceira fica ainda a central geotérmica do Pico Alto (4,7 MW).