Devido à vacina da AstraZeneca, achei por bem olhar a outros fenómenos que causam efeitos secundários potencialmente perigosos e até mesmo tromboembólicos, nomeadamente venosos. Estar sentado ou acamado de forma prolongada podem ser causas. Agora, junte a nova ‘much hyped’ rede social Clubhouse a confinamento pandémico, onde nos arriscamos a ter mais trombos com o rabo sentado no sofá, a ouvir potenciais influencers num chat room, que a levar dez doses da vacina de Oxford.
Com isto não pretendo, de forma alguma denegrir a validade da app, as suas potencialidades ou até o seu sucesso que, agora, quase com um ano de idade parece evidente. Tornou-se em meses num unicórnio (avaliada em mais de mil milhões de dólares) e exponenciou a sua base de utilizadores de dezembro para Janeiro de 2021 em mais de dez vezes – para cerca de seis milhões de utilizadores. Isto, numa rede social apenas disponível para iPhone e em que é preciso receber um convite para nela participar.
A validade da proposta é interessante e afasta-se das demais já existentes: registe-se após receber convite, indique os seus interesses, siga quem lhe interessa (estão por lá um vasto lote de personalidades e John Does) e junte-se à conversa. O Clubhouse é all about áudio. Converseta da boa, à antiga, com hora de início, mas com término indefinido. Também nada é gravado. Existe mesmo regra que o proíbe e pode ser banido se o fizer. Fale sobre os potenciais efeitos secundários de uma vacina ou sobre as reuniões de condóminos. Haverá temas para tudo. De tal modo que já há salas de conversação onde o tema é “valerá a pena o tempo que passo no Clubhouse?”.
O nome do serviço/app quase parece ser uma pista. Clubhouse, para mim, sempre foi aquele local onde bebemos um drink, fumamos um charuto e discutimos as incidências de uma partida de golfe (no meu caso, sendo padel, é a imperial no bar pós-jogo). É um hobby. É infotainment. Se já fez tudo o que tinha a fazer e quiser entrar numa conversa onde até pode aprender algo com um empreendedor de nível ou uma celebridade mundial, aproveite, faz sentido.
Aos dias de hoje e no estádio de existência em me encontro, passar horas na conversa noite adentro não é viável. Durante o dia tento ser produtivo. Se o FOMO é uma das razões do sucesso? Certamente. Continuará a app a crescer? Não duvido.
Certo, certo é que tanto o Twitter, como o Instagram parecem querer implementar funcionalidades semelhantes.
Para mim, e para já, não é. Nos tempos de lazer prefiro fazer a minha corrida a estar sentado mais umas horas a obter informação que não sei se me será efectivamente útil, que se vai perder no éter e que me pode potenciar um trombo.