A frase é de José Manuel Mendonça do INESC TEC, o instituto que desenvolveu a app StayAway COVID. Depois de meses à espera do desenvolvimento da app, de meses à espera da sua aprovação pelo CNPD, eis que, passado quase um ano desde que, o nome e a doença COVID-19 entraram no nosso léxico, nos vemos de novo num imbróglio entre a CNPD e os SPMS. Eis que após se ter conseguido que a comunidade científica mundial se unisse para desenvolver em meses o que demorava uma década, Portugal se confronta com uma das suas mais velhas maleitas: a burocracia.
Já aqui escrevi diversas vezes que sou da opinião de que há uma linha muito ténue entre o sucesso ou insucesso de uma aplicação. Na maioria das vezes são pequenos detalhes. No caso da aplicação StayAway COVID comete-se o erro imperdoável de alienar os utilizadores. Se nem a Tia Lili Caneças sabe o que fazer ou como será contactada para ser vacinada, nunca tendo ido a um Centro de Saúde, como será de esperar que uma população envelhecida e tecnologicamente pouco instruída consiga confiar numa aplicação que está meses em banho maria, para saber se é legal ou não? Não há solução tecnológica, por mais bem pensada e executada que esteja, que resista.
Com isto, chegamos a Fevereiro de 2021 e quase dois milhões de pessoas já desinstalaram a app. Não acreditam nela. Não acreditam os cidadãos, não acreditam os médicos e parece não acreditar o Governo. A Suíça resolveu o problema do envio dos códigos, habilitando mais pessoas a inseri-los e assistiu a um aumento da sua eficácia, com uma maior quebra de cadeias de contacto. Em Portugal, a única cadeia de contacto que parecemos ter quebrado é entre os SPMS e a CNPD. Desde Novembro que o INESC TEC tem a app pronta a enviar os códigos directamente para os telemóveis dos utilizadores, mas lá está… continua à espera de resposta.