A polémica sobre a cedência de computadores a milhares de alunos nacionais, para usar em contexto de aulas online, continua bem acesa.
Depois dos sucessivos atrasos na entrega de equipamentos, as condições de utilização estão sob “fogo” da Associação D3: «São excessivamente restritivas, não permitindo uma verdadeira transição digital acessível a todos, em condições mínimas de igualdade de oportunidades».
Restrições limitam «potencial de exploração»
E que restrições estão em causa, segundo a Associação D3? Pelo menos três: o facto de estar proibida a instalação de software ou hardware que não esteja autorizado pelo Ministério da Educação; de o computador não poder sair de casa ou da escola, «salvo para fins de aprendizagem»; e de o computador ter de ser «devolvido no final do ciclo de estudos»
Eduardo Santos, presidente da D3, considera que estas restrições são um travão ao desenvolvimento das crianças: «Não se pode querer promover a capacitação digital dos alunos ao mesmo tempo que os proibimos de instalar software, limitando assim todo o potencial de exploração e de aprendizagem que um computador pode permitir».
Computador velho vs. oferta do Governo
Assim, a D3 sugere que os encarregados de educação recusem a oferta do Governo: «É preferível ter um computador velho e/ou em segunda mão que nos dê toda a liberdade, que ter um computador novo com tantas limitações».
No entanto, Eduardo Santos assume que nem todas as famílias podem estar numa posição de rejeitar o computador: «Sabemos que atravessamos uma grave crise de saúde pública mas também económica e que infelizmente a opção de rejeitar esta oferta é um privilégio que não está ao alcance de todos».
A alternativa pode estar, por exemplo, em iniciativas que fogem ao “controlo” do Governo, como aconteceu em Viseu, onde a comunidade se juntou a algumas empresas e à Câmara Municipal para angariar computadores e tablets para os alunos carenciados.