Estamos em época de balanço e de exercer os habituais dotes de futurologia. Se muitos de vocês vão querer esquecer 2020, saibam que vai ser dos anos mais famosos – ou melhor, infames – da História moderna e das redes sociais, digitais e analógicas. Digo eu, que sou péssimo a adivinhar o futuro.
Este foi o ano de adiar a vida. Os ciclos naturais da nossa sociedade de consumo e entretenimento foram alterados por ‘vocês-sabem-bem-o-quê’. Jogos Olímpicos, Europeu de Futebol, festivais e aquelas pequenas coisas que fazem tanta diferença no pautar do calendário tiveram de ficar para o ano. Fomos obrigados a viver no presente, numa espécie de exercício de mindfulness coercivo. Não aprendemos nada.
O que aprendi foi que as redes sociais (virtuais e IRL) são uma caixa de fósforos. Deveriam ser uma caixa de chocolates, com a ocasional dor de barriga, mas não. Uns por acidente, outros por diversão, alguns de propósito, todos acenderam fósforos onde não deviam e criaram reacções em cadeia que nos podem queimar a todos. O mais engraçado é que os piores foram os que defendem que se devem atirar os pirómanos para o meio dos incêndios que criam.
O maior exemplo foi o incendiário-mor dos Estados Unidos, que juntou meia nação à volta de um país em chamas com tweets surreais: «Venham para ao pé do fogo, o meu fogo é bom» seguido de «As labaredas nas vossas calças são FAKE NEWS!». Ao menos esse foi deposto, embora em Portugal haja outros a querer seguir a mesma escola.
Metáforas ígneas à parte, 2020 deixou-nos de rastos. E tenho quase a certeza de que 2021 tem já um evento cataclísmico na manga. Mas, como disse, sou péssimo adivinho.
O que vos posso dizer sobre o futuro é que está para breve. Espero.