Ao longo dos anos fui comprando peças de computador para projectos de modding e acabei por montar dois computadores em casa: um deles para jogar em Windows (e para fazer algumas tarefas específicas) e outro apenas para usar sistemas Linux – é este último que uso com mais frequência. Apesar de ambos terem objetivos distintos, a torre apenas para jogos foi ficando parada e sem uso. Foi então que decidi mudar o conceito deste computador para um fim didático e fazer dele um servidor para correr máquinas virtuais, testar distribuições Linux, correr testes ao nível de redes, partilha de ficheiros e testar aplicações ou containers, mantendo o computador principal com o mínimo de alterações. Depois de analisar várias opções, escolhi o Proxmox como plataforma para este objectivo e vou explicar porquê.
O que é o Proxmox?
Primeiro é importante saberem o que é o Proxmox: é uma plataforma de virtualização open source que utiliza o KVM (Kernel-Based Virtual Machine), o que permite executar extensões virtuais Intel VT e AMD-V e hardware virtualizado como placas de rede, adaptadores gráficos e discos, entre outros; e o OpenVZ LXC para criação de containers. Ou seja, de forma simples são sistemas operativos isolados em que podemos executar aplicações, sem afectar o sistema principal. Sendo uma plataforma com foco empresarial, tem uma série de características importantes como clonagem de VM, backup, replicações, snapshots, criar vários nodes e configurar clusters de HA (Hight Availability), enfim, é uma ferramenta muito interessante, mas o que me fez escolhê-la foi o facto de a base do sistema ser Debian, de ser utilizada num contexto empresarial (o que é uma mais-valia aprender a usar), de a instalação e configuração serem relativamente simples para o objetivo de usar em casa, de a gestão ser feita via Web e de a perda de dezempenho de uma máquina virtual a correr ser quase imperceptível, como se estivessem a instalar fisicamente num computador. Apesar destes factores, o que devem levar também em conta, depois de instalar?
Segurança e privacidade
Estes aspectos são, talvez, dos mais desvalorizados no que diz respeito à rede interna da nossa casa. Aquela ideia de que ‘não temos nada a esconder, por isso não nos importamos com a privacidade e segurança’, é um tipo de pensamento que citando uma frase de Edward Snowden, no seu livro – Vigilância Massiva Registo Permanente, «(…) não é diferente de dizer que não quer saber da liberdade de expressão, porque não tem nada a dizer». Dito isto, segurança e a privacidade devem ser factores-chave para levar em conta ao configurar um servidor, mesmo que não tenham informações importantes nele, ou mesmo que seja para fins didáticos – esta prática deve ser uma regra básica.
Backup
Depois de tudo configurado e pronto a usar, se ocorrer algum problema com o disco, um corte de
luz repentino ou qualquer outra situação que comprometa tudo o que fez no servidor, seria desastroso, ou no mínimo uma trabalheira, voltar a configurar tudo outra vez. Fazer uma cópia e repor caso ocorra algum problema é também um aspecto a ter em conta.
Documentação
Configurar um servidor não é ‘chapa 5’; apesar de haver configurações básicas que são um padrão, depois o hardware que escolhem e o objectivo diferem – é muito importante registar todo o processo e ir actualizando. Dificilmente, alguém consegue fixar todo o processo de configuração sem recorrer a algum tipo de registo, por isso seguir os guias de ajuda no site oficial do Proxmox é fundamental, bem como registar o processo de instalação e configuração específico para a vossa realidade.
Conclusão
A escolha de uma plataforma ou sistema operativo-base para montar um servidor em casa, depende, em grande parte, do objetivo, com o processo de escolha a depender de cada um de nós. Sendo o Proxmox uma plataforma com tantas características interessantes, acredito que se encaixe em vários cenários e recomendo que testem a instalação e configuração que explico neste artigo e na segunda parte, que será publicada na próxima edição da PCGuia (288, Janeiro 2020).