O tempo, o tempo…. há muito que é o bem mais precioso da sociedade ocidental, impossível de ser multiplicado ou comercializado. Rege as nossas vidas e, por isso, volto tantas vezes ao tema. A cada nova ferramenta tecnológica, uma nova promessa de que nos dará mais tempo para viver a vida como nós queremos e sonhamos… só que nunca trabalhámos tanto! Gosto muito de tecnologias, mas é impossível ignorar esta realidade.
É verdade que estas ferramentas podem facilitar a que as mulheres possam trabalhar à distância se têm de cuidar de um filho doente ou dar apoio a um pai idoso, por exemplo. Assim, como permitem que tantos homens e mulheres trabalhem a partir de casa como trabalhadores independentes (e são cada vez mais!) ou pequenos empresários. A moeda de troca desta facilidade é a possibilidade de estarmos sempre disponíveis, a qualquer hora em qualquer lugar. Numa economia competitiva, o que diferencia um profissional (um prestador de serviço ou um empreendedor) não é só o seu talento, é a sua disponibilidade de tempo. E esta é uma pressão às vezes difícil de suportar.
Quem trabalha por gosto não cansa, é verdade. Mas por que será então que os casos de burnout* aumentam a olhos vistos, tendo passado de 9% dos trabalhadores em 2008 a 13% em 2015 e 17,2% em 2017? Nem tudo é culpa da tecnologia, e nem por sombras pretendo regressar ao passado. Mas pergunto-me: até onde iremos assim?
21*Esgotamento físico e mental com ligação muito íntima com a vida profissional.