Mais de um terço de todos os produtos fabricados para exportação são chineses. Desde componentes a artigos completos, de todas as qualidades e feitios, a China faz. É a segunda economia mais poderosa do planeta e deverá eclipsar a dos EUA por volta de 2050. ‘Fazer a América grande outra vez’ parece ser uma utopia a médio prazo.
Este crescimento justifica-se pela força do números – um quarto dos quase três mil milhões e meio de trabalhadores mundiais são chineses – mais de 800 milhões contra 240, em toda a União Europeia. Mais trabalhadores, melhores salários, uma economia florescente, regras laborais e ambientais muito próprias, uma classe média em crescimento exponencial e a sua política centralizada e paciente de expansão vão fazer da China o titã do século XXI.
Perguntem ao Google se a China é uma democracia e tenham uma bela dor de cabeça. Nas palavras dos seus líderes, a China é uma ‘ditadura democrática popular’. Uma “democracia” longe dos cânones clássicos ocidentais, em que a palavra ‘ditadura’ é o que sobressai. Pergunto-me se esta não será a grande exportação chinesa do futuro.
Os Uighur são as cobaias da nova ordem made in China. Este grupo étnico de tradição muçulmana está a ser ser vigiado e catalogado desde os dados genéticos às expressões faciais, práticas dignas das melhores ficções distópicas. Até os cidadãos de pleno direito já têm um sistema de reputação social, com pontos. Vigilância das massas, em massa. A força dos números.
Fiquem com mais este: em 2017, os chineses investiram quase 90% do PIB de Portugal em câmaras de vigilância. Se forem à China sorriam para uma, há 173 milhões delas. Ou então sorriam para a vossa. De certeza que foi feita lá.