A última década foi marcada por sucessivas vagas dos auto-intitulados “gurus” que detinham a fórmula secreta para que um conteúdo conseguisse, organicamente, resultados superiores aos de uma comunicação patrocinada num rede. Alquimistas do engagement, ninjas do SMO e hackes do crescimento digital, misturam psicologia de grupos, sociologia e API para fazer passar uma mensagem através de um público massivo, bastante heterogéneo e com forte sentido critico.
Conseguir a aprovação, recomendação e empenho das massas não é fácil, pois diariamente surgem centenas de novas tentativas de tendência. Por outro lado, após atingir esse estatuto tudo cresce exponencialmente naquela que é uma cadeia cada vez mais oleada de fazer chegar uma mensagem trabalhada a cada vez mais pessoas. Pessoas essas, que partilham e replicam conteúdos, não só porque se identificam com eles, mas para se sentirem integradas no colectivo que segue as tendências.
Nesta permanente luta de tendências, e contra-tendências, a genialidade da foto de um ovo consegue destronar o recorde mundial de gostos, que estava numa imagem de uma influenciadora popular, e um aro de cebola frita consegue ter mais fãs que o maior cantor pop da moda. Só porque sim… mas sem esquecer de criar uma linha completa de merchandising de ovos e aros de cebola, pois aí é que está o ganho. E, na tentativa de navegar na tendência, lá surge a foto do pistachio e da galinha que também querem “fama”.
Embalados na tendência, muitos replicaram o exercício feito pelos seus ídolos, e amigos, de publicar comparativos de fotos suas com uma década de separação. Mas muito poucos se questionam sobre as origens deste desafio. Não querendo dizer com isto, que apesar de ser uma excelente ferramenta para treinar inteligência artificial no reconhecimento facial, tenha sido esse o propósito da criação desta moda. Apenas quero deixar a minha homenagem a todos aqueles que por mérito, investimento ou sorte conseguem atingir o estrelato das redes sociais.