Da mesma forma que não escolhemos a nossa roupa pela sua capacidade de nos proteger do frio, consumimos electrónica por razões muito para lá da sua usabilidade real.
Tal como no vestuário, a tecnologia tem ciclos e modas, com elementos apelidados pelos influenciadores de in e out. Pensem, por exemplo, no 3D e na inteligência artificial, dois conceitos que não são de todo novos, sendo que o primeiro é actualmente o equivalente às crinolinas e o segundo aos novos tecidos holográficos.
Mais que um paralelismo entre moda e tecnologia, temos uma fusão dos dois, com os fabricantes de electrónica de consumo a recorrerem cada vez mais a designers para diferenciarem os seus produtos e estilistas a integrarem elementos de electrónica nas suas colecções. Muito mais que «a forma segue a função» (expressão tornada célebre pelo arquitecto Louis Sullivan) temos produtos que ganham valor pela associação de moda e tendência que seguem.
Esta alteração reflecte-se profundamente nos hábitos de consumo, que passam da procura de um relógio de renome que desejamos que fique na família por gerações, para a de um plano de comunicações móveis que nos assegure a troca anual de smartphone pelo modelo de topo da gama mais atual. A falta de consciência do desperdício de potencial tecnológico que provocamos com as nossas opções de consumo é dramático.
Um sinal claro disso é a forma como o Parlamento Europeu aprova leis que reduzem, efectivamente, o tempo e as responsabilidades das garantias da electrónica de consumo de alguns Países-Membros.
Ajudando a diminuir o tempo de utilização dos produtos com naturais consequências económicas e ambientais. Mas, o mais importante para minimizar esse desperdício é a realização, por parte de cada consumidor, de uma introspectiva, que passa por investir mais tempo a conhecer a tecnologia e os benefícios reais de uma nova compra.
A falta de consciência do desperdício de potencial tecnológico que provocamos com as nossas opções de consumo é dramático.