Dizem que é durante os períodos de conflito que acontecem os maiores feitos tecnológicos. A Guerra Fria, embora não tenha sido propriamente marcada por um confronto físico directo entre os dois blocos, permitiu o desenvolvimento de soluções que são actualmente usadas no quotidiano. Um dos melhores exemplos é o sistema de posicionamento global (GPS) que permite identificar qual a sua posição em qualquer ponto do globo.
Criado para substituir os arcaicos sistemas de identificação por ondas de rádio, como o sistema LORAN, criado durante a Segunda Guerra Mundial, o sistema de navegação global foi aprovado como forma de monitorizar não só o posicionamento de submarinos, como o dos seus mísseis balísticos intercontinentais, para que estes pudessem atingir o alvo com toda a precisão.
Juntamente com a Marinha, também a Força Aérea Norte Americana (USAF) exerceu uma forte pressão para que o governo americano aprovasse o projecto. O objectivo era o de desenvolver uma solução que permitisse uma melhor localização das suas aeronaves e dos seus mísseis, uma vez que dois terços de toda a força nuclear estava em seu poder.
Princípio de funcionamento
O funcionamento do sistema de GPS consiste na utilização de uma vasta rede de satélites equipados com relógios atómicos, todos eles sintonizados entre si e com os relógios atómicos colocados nas diversas estações, espalhadas por todo o mundo. Essa sincronização é fundamental para monitorização em tempo real, não só dos satélites, mas também da hora em que os sinais de cada um são emitidos. Isto permitindo assim determinar, entre o tempo de envio e de recepção, a posição exacta de cada satélite.
É através desse registo de posicionamento, e da triangulação dos sinais emitidos por, pelo menos, quatro satélites, que se torna possível identificar a posição de um receptor de sinal de GPS à superfície da Terra.
Interferências e imprecisões
Apesar de o sistema ter vindo a ser optimizado ao longo dos anos, ainda é possível que o sinal de GPS venha a ter falhas no funcionamento, nomeadamente ao nível da falta de receptividade ou imprecisão do sinal. Estes problemas ocorrem quando existem interferências, sejam estas causadas pela imprecisão do relógio do receptor de sinal de GPS, pela existência de poucos satélites ou pela presença de objectos que possam reflectir os sinais, como edifícios altos ou estruturas rochosas de grandes dimensões.
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4 alternativas ao GPS
Glonass
Desenvolvido em 1976, durante a Guerra Fria, para rivalizar com o sistema GPS, este sistema só foi concluído em 1995, tendo sido recuperado em 2001 durante a presidência de Vladimir Putin. A plataforma, responsável por cerca de um terço do orçamento do programa espacial russo, é actualmente constituída por 24 satélites e garante uma precisão de dois metros.
Galileo
A plataforma de navegação da Agência Espacial Europeia será constituída por trinta satélites que deverão cobrir todo planeta em 2020. Actualmente, está apenas disponível no Velho Continente, com doze satélites activos. No futuro irá oferecer uma precisão de um metro (rede pública) e de um centímetro (rede privada encriptada).
BeiDou
A solução chinesa, que estará concluída em 2020, será composta por um total de 35 satélites, e permitirá oferecer uma precisão de dez metros (para o público) e um centímetro (rede privada encriptada).
Quasi-Zenith
Este sistema japonês, exclusivamente para monitorização do território nipónico, será composto por um total de quatro satélites, que estarão activos em 2018, oferecendo uma precisão que irá variar entre um metro e um centímetro.
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