A corrida pela inteligência artificial generativa acelera de forma incremental cada ferramenta, empresa e, já agora, o país, fazendo os seus pares avançar em saltos pré-quânticos. Lançada há menos de um mês, a Manus AI destacou-se pela sua arquitetura técnica inovadora, que representa uma ruptura significativa em relação aos sistemas de IA tradicionais. Ao contrário dos chatbots convencionais, ou modelos de linguagem que operam como entidades únicas, o Manus adopta uma sofisticada arquitectura multiagente, onde um agente central, chamado ‘executor’, se coordena com subagentes especializados para resolver tarefas complexas.
Esta abordagem distribuída permite ao Manus dividir problemas multifacetados em componentes gerenciáveis, atribuí-los aos agentes especializados adequados e acompanhar o seu progresso. Desde a análise de transacções financeiras à triagem de candidatos a emprego, passando pela criação de sites e até à gestão simultânea de várias contas de redes sociais, o Manus pode navegar pelo mundo digital sem supervisão, tomando decisões com uma velocidade e precisão que até mesmo os profissionais mais experientes têm dificuldade em igualar.
No entanto, como tudo tem um senão, quem mete as mãos no fogo, pode, efectivamente, sair queimado. Seja por falta de regulamentação ou pelo risco de manipulação, o Manus, enquanto agente autónomo sem supervisão, pode meter os pés pelas mãos, agir de forma imprevisível e causar danos difíceis de reverter. Mais ainda considerando a sua origem: a China, enquanto país governado com mão de ferro, não só controla as suas empresas tecnológicas, mas também impõe regras que colocam os dados dos utilizadores nas mãos de um regime totalitário com um histórico de vigilância digital e falta de transparência. Confiar cegamente na tecnologia do Manus pode significar dar de mão beijada informações sensíveis a um sistema cujo compromisso com a privacidade é, no mínimo, duvidoso.
Neste contexto, podemo-nos questionar se não será preferível largar mão de algumas dezenas de euros e investir em soluções de empresas que partilham valores mais alinhados com a segurança e a ética digital, em vez de confiar num sistema cuja opacidade e controlo governamental levanta preocupações. A corrida da IA entrou num novo capítulo, mas caberá a si, utilizador, decidir se quer pôr as mãos no fogo por uma tecnologia cujas verdadeiras intenções permanecem incertas.
*este artigo teve mãozinha humana.