Uma equipa de investigadores nos Estados Unidos alega ter desbloqueado a visualização de uma cor que nenhum ser humano jamais viu antes, e fizeram-no usando lasers. Nem todos, contudo, estão convencidos da proeza ou dos seus méritos.
Cinco indivíduos participaram na experiência, que envolveu disparar impulsos de luz laser de comprimento de onda visível directamente para os olhos de forma a estimular células fotorreceptoras individuais na retina. Segundo os cientistas, este método teoricamente permite a percepção de cores que se encontram além do alcance da visão humana natural.
A cor recém-observada, que foi alegadamente vista pelas cinco pessoas que participaram na experiência, diz-se ser uma cor azul-esverdeada com uma saturação sem precedentes e foi baptizada como “olo”.
Um dos co-autores do estudo, o Professor Ren Ng da Universidade da Califórnia, também participou. Ele disse que previram que pareceria um sinal de cor sem precedentes, mas não sabiam o que o cérebro faria com ele. O visual resultante foi “estupefaciente”, acrescentou.
Mas nem todos na comunidade científica estão convencidos. John Barbur, um cientista da visão na City St George’s, Universidade de Londres, disse ao The Guardian que não é uma nova cor, mas sim um verde mais saturado. O trabalho, acrescentou Barbur, tem “valor limitado”.
Ng é muito respeitado no campo da óptica. Em 2006, fundou uma empresa chamada Lytro que desenvolveu algumas das primeiras câmaras de campo de luz. A Lytro lançou uma tecnologia inovadora que permitia que as fotos pudessem ser refocadas após a captura. Actualmente, estes truques são comuns nos smartphones, mas na altura, esta capacidade era fascinante.
Segundo o livro “Inside Apple”, Steve Jobs reuniu-se com Ng em 2011 para discutir trazer a tecnologia para o iPhone. Jobs morreu poucos meses após a reunião, aparentemente antes de qualquer tipo de acordo poder ser estabelecido. A Lytro acabou por lançar uma câmara de segunda geração antes de se dedicar à realidade virtual e, eventualmente, encerrar em 2018.
O trabalho da equipa foi publicado na Science Advances, num artigo intitulado “Novel color via stimulation of individual photoreceptors at population scale”.