Numa altura em que até Bill Gates parece ter dificuldades em acompanhar o desenvolvimento vertiginoso que a tecnologia tem demonstrado nestes últimos anos, não é de espantar o overload que o comum dos tecnólogos sofre. Manter-se actualizado sobre os meandros da IA, os diferentes modelos LLM, se (já) vamos atingir a AGI ou os perigos de uma self replication destes modelos, sem as devidas guardrails, deixa qualquer um à beira de um breakdown. Note to self: o uso abusivo de inglesismos é intencional.
É neste contexto que as notícias de um desenvolvimento de ferramentas como o Roomie se torna relevante. Sofrendo eu de ansiedade desde a minha juventude, um artigo da consultora Rita Vilas-Boas na ‘Link to Leaders’ fez-me pensar que o rumo que deu origem à empresa que criei tenha nascido ainda da antes da própria indústria a que ela se dedica.
Neste artigo a autora aborda a obra ‘A Geração Ansiosa’ do psicólogo social Jonathan Aidt e discorre sobre a necessidade de a geração Z encontrar “um propósito” na vida profissional. Afirma a autora, baseando-se na obra de Aidt, que a forma como os jovens se percebem mudou de forma decisiva com a adopção em massa dos smartphones. Com isto, surgiu um modelo de socialização que tem por base as redes sociais e a consequente, e permanente, comparação com as “vidas perfeitas” que nelas se encontram. Ou seja, terá a minha empresa nascido da minha sofreguidão tecnológica?!
Esta tentativa de interiorização do meu percurso profissional não nasce de uma consulta prévia com um psicólogo (talvez devesse), nem com o Roomie (que ainda está em fase experimental, mas estou certo de que a área da saúde mental será uma das que muito beneficiará com a adoção destas ferramentas baseadas em IA). Desde logo, porque o número de profissionais é claramente inferior ao que a sociedade requer.
Já terá percebido do que se trata o Roomie: um agente virtual – dos muitos que verá surgir este ano – que almeja democratizar o acesso à saúde mental «funcionando como um agente virtual com a capacidade de compreender a linguagem humana em nuances, incluindo o tom emocional, ironias e complexidades». Os criadores Roomie entendem-no, não como um substituto, mas como um parceiro dos profissionais de saúde mental. E, certamente, estarão corretos. Muito provavelmente, na sociedade actual, só uma relação de um-para-um (uma pessoa-um terapeuta) poderia suprir as necessidades terapêuticas na saúde mental.