Em astrofísica, há um termo chamado ‘horizonte de eventos’, um ponto de não-retorno, localizado muito perto de um buraco negro, onde a força da gravidade é tão forte, que nem mesmo a luz consegue escapar – a sua velocidade é inferior à da sucção deste fenómeno que engole tudo o que entra do seu campo de influência. E é mesmo isto que está a acontecer com os topos de gama lançados por várias marcas, onde a Samsung e os seus S25 se inserem. Aqui, o ‘horizonte de eventos’ chama-se ‘inteligência artificial’ – parece que tudo o que gravita em torno da IA, num smartphone, é engolido pelas funcionalidades que prometem reduzir o ruído de uma gravação, resumir texto ou gerar elementos em imagens.
És tu, Pixel 10 Pro?
Ironicamente, até mesmo o assistente da marca coreana, o Bixby, acaba por ser uma vítima deste “buraco negro”, uma vez que se torna completamente irrelevante. Basta mudar o acesso do botão lateral para o Gemini – assim, este recurso é completamente atirado para os confins do “Universo S25”.
O S25 é, claramente, um modelo que vive da IA, com tudo a girar (ou a ser engolido, conforme a perspectiva) pelo Gemini da Google, que agora se tornou crónico em todos os smartphones, da entrada ao topo de gama. Mas, se isto acontece em todos os modelos, de que vale à Samsung estar a destacar estas funcionalidades como os grandes pergaminhos do S25 Ultra? Assim sendo, este não parece ser um smartphone assim tão exclusivo, dado que os recursos de IA são, mais ou menos bem conseguidos, acessíveis em vários outros modelos – como será quando a Google lançar o seu futuro topo de gama Pixel 10 Pro? O cenário não parece muito animador para o S25.
Resumos limitados
E as funcionalidades de IA nem têm assim um desempenho tão bom: por exemplo, fizemos um esboço de um avião num céu e o resultado foi apenas o de uma linha branca, igual às que os jactos criam quando voam a uma grande altitude. Depois, o Now Brief, uma novidade da Samsung que nos mostra resumos em vários pontos do dia, é escasso e basicamente só nos apresenta a meteorologia (que podemos ver numa simples widget adicionada ao ecrã inicial) e marcações do calendário – mesmo tendo todas as possíveis opções de fontes ligadas.
A razão para isto é muito simples: apenas parece ser dado acesso às plataformas do ecossistema da Samsung para que a informação seja recolhida e apresentada. O problema é que ninguém vai usar as apps específicas da marca coreana para a saúde ou fotografias, quando já quase todos temos contas nas respectivas alternativas da Google.
Efeito plateau chegou ao Ultra?
Invariavelmente, o que nos veio sempre à cabeça sobre este S25 é que, apesar de ser um smartphone de topo, com um design que até consideramos bastante apelativo (linhas menos rectas que a anterior geração, traseira minimalista, aspecto sólido) acaba por dar muita importância à IA quando, se calhar, era mais importante torná-lo mesmo Ultra e especial. Estes modelos eram, sempre, os supra-sumos da inovação Samsung, mas nos últimos anos a sensação que dá é a de que começam a faltar formas de tornar este modelo verdadeiramente exclusivo, embora o preço seja sempre (demasiado) elevado.
Distribuidor: Samsung
Preço: €1499,99
Benchmarks
- AnTuTu: 2 373 698
- 3D Mark Wild Life: 24 699
- GeekBench 6 Single CPU: 2785
- GeekBench 6 Multi CPU: 9015
- GeekBench 6 OpenCL: 17 342
- PCMark 3.0 Work: 20 379
- PCMark 3.0 Battery: 967 minutos
Ficha Técnica
Processador: Snapdragon 8 Elite (3 nm)
Memória: 12 GB
Armazenamento: 256 GB
Câmaras: 310 MP (traseira), 12 MP (frontal)
Ecrã: 6,9” LTPO AMOLED, 120 Hz (3120 x 1440), 498 ppi
Bateria: 5000 mAh
Dimensões: 162,8 x 77,6 x 8,2 mm
Peso: 218 gr