Quase um ano depois de ter anunciado a liderança de um projecto europeu baseado em robótica, IA e machine learning para digitalizar a agricultura, a Universidade de Coimbra (UC) anunciou o desenvolvimento de um sistema de inteligência artificial para controlar as «pegadas ambientais» nesta mesma actividade.
A iniciativa, Pegada 4.0, é liderada pela Universidade de Évora e tem como protagonista a SmartAg, uma app que permite aos agricultores «submeter imagens e sons em tempo real para análise científica», explica Dinis Costa, aluno do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da UC, que faz parte da equipa deste projecto.
O foco do ‘Pegada 4.0’ está em cinco indicadores: «Dióxido de carbono, recursos hídricos, poluição difusa, paisagem e biodiversidade», com os dados recolhidos pela SmartAg a contribuir para «medir e reduzir o impacto ambiental das práticas agrícolas, promovendo uma produção mais sustentável».
Assim, os agricultores podem usar a SmartAg para fazer medições de «temperatura e humidade, imagens de insectos e plantas, registos sonoros de aves, entre outros». Depois, com os «modelos de IA dinâmicos» desta app é possível fazer a «identificação automática das espécies e a detecção de novas ao longo do tempo», diz Catarina Silva, professora do DEI.
Numa fase inicial, contudo, não é só a IA que trabalhar para classificar as espécies: é preciso fazer uma validação humana, que serve também para «melhorar continuamente os modelos». Para fazer a monitorização da fauna, são ainda usadas «armadilhas de insectos que recolhem imagens para identificação de espécies».
Para pôr em prática as capacidades do Pegada 4.0, a SmartAG está a ser usada por «vinte parceiros agricultores e diversas herdades». A médio e longo prazo, as Universidades de Coimbra e Évora esperam que o Pegada 4.0 possa contribuir para que a agricultura portuguesa se torne mais eficiente e amiga do ambiente, estabelecendo um novo padrão para uma gestão sustentável».