A aviação é uma das actividades económicas mais ‘carbono intensivas’ do mundo, mas representa “apenas” 2,5% do volume global de emissões de CO2. Isso deve-se, principalmente, ao facto de a maioria das pessoas nunca ter viajado de avião e um número também muito relevante não o fazer regularmente. Por isso, é fácil perceber que, neste momento, a pegada de carbono da computação na nuvem já superou a da aviação. Ou seja, gasta-se mais energia para manter os servidores ligados à Internet que para manter todos os aviões a voar regularmente, de um canto ao outro do mundo.
A razão para isto não está relacionada com o facto de um mega servidor de dados consumir tanta energia quanto um motor a jacto, mas sim por todas as pessoas do mundo estarem dependentes do funcionamento destas máquinas e a maioria fazer uso intensivo de muitos dos seus recursos.
A computação em nuvem veio para ficar, sendo incontornável a sua importância, tanto no presente, como no futuro. No entanto, tal como já fazemos em relação a qualquer outra indústria, é importante começar a fazer um uso mais consciente dos impactos ambientais deste recurso. Como o seu consumo é imaterial, muitas vezes é difícil perceber que, por exemplo, armazenar as nossas informações online implica deixar mais um computador (ou, pelo menos, uma parte de um computador) ligado e a consumir energia permanentemente, para que essa informação nos esteja acessível quando assim o desejarmos.
A abundância e facilidade de acesso a recursos online, muitas vezes “gratuitos” para os utilizadores, levou à situação actual em que consumimos sem nos apercebermos do impacto real deste consumo. A rentabilidade do modelo de negócio dos fornecedores de serviços online está directamente relacionada com a intensidade do consumo dos seus serviços, não existindo qualquer incentivo para a sua redução ou utilização mais racional.
Da mesma forma como desligamos os nossos computadores pessoais quando não necessitamos deles, devemos tomar consciência de que todos os serviços que utilizamos online implicam uma infraestrutura com consumos directamente relacionados com o volume de uso que lhes damos. Temos de ser capazes de gerir a relevância de guardar toda a informação que produzimos, criando um plano efetivo sobre a utilização da mesma no futuro. E, acima de tudo, avaliar de forma lógica o impacto real da nossa pegada digital no ambiente real.
A IA é o próximo passo e traz consigo ainda maiores necessidades computacionais e de armazenamento, onde teremos de garantir um uso responsável em todos os sentidos. Se não o fizermos agora, amanhã será sempre mais difícil.