Nunca houve uma plataforma tecnológica com tanto impacto sobre tantos, e em tão curto espaço de tempo, como as redes sociais. Ligámo-nos a pessoas e realidades que antes eram impossíveis de alcançar, limitados por geografias físicas e sociais – 2025 será, talvez, o ano da sua morte mais que anunciada.
Uma das primeiras coisas que cada um de nós fez com a Internet foi encontrar pessoas novas. Não é que não tivéssemos amigos, mas fomos em busca de quem tinha gostos e interesses semelhantes aos nossos. No início, eram os fóruns e o mIRC; depois, foi o Reddit e, hoje, é Discord e semelhantes. Mais que amizade, fomos em busca de comunidade.
Pelo meio, apareceu o Google, onde pesquisámos pelo nosso próprio nome, o MySpace (a rede social onde mostrávamos quem éramos até ao pixel intermitente mais berrante que o RGB permitia), seguido do Hi5. Fomos da comunidade para a individualidade.
O Facebook ainda tentou conjugar as duas coisas, mas rapidamente se percebeu que o narcisismo era inebriante e gerava mais engagement. O pico atinge-se com o Instagram, o palco de uma nova espécie de seres intitulados ‘influencers’, que geram influência apenas para benefício próprio. Vem o TikTok e, sinceramente, entrámos no reino do absurdo. Devo só estar a ficar velho mas quinze minutos a ver TikToks e não quero mais viver neste planeta.
Comunicar nas redes é cada vez mais um solilóquio de sucessos e opiniões que ninguém pediu. Esta evolução – ‘desenvolvimento’ deve ser mais correto – deveria ser analisada de forma antropológica e política, para entender como fomos do comunitário e cooperativo para o individualismo selvagem e performativo. Os dois mil caracteres que tenho não chegam.
O nível seguinte serão as comunidades de um, rodeado de IA personalizadas. Há quem já prefira conversar, aprender e namorar com bots em vez de lidar com pessoas reais: os bots não julgam, não cancelam, e não fazem coreografias ao som de remixes da Barbie Girl.
Com esta nova câmara de eco suprema, não haverá rede social que resista.