Longe, muito longe, de ter a informação privilegiada que terá Bill Gates, quem comigo priva (e alguma vez me questionou sobre o que esperaria desta década) poderá confirmar que estou, há já alguns anos, plenamente convencido de que assistiríamos a um crescimento tecnológico exponencial. Não tendo esse acesso, obviamente pequei por defeito.
Embora me considere inventivo, propenso à inovação e, até, particularmente idiota, detesto surpresas e odeio não saber qual o próximo passo. O que (pre)ssenti em 2010, quando iniciei atividade empresarial na área do desenvolvimento mobile, era previsível. Quando, por volta de 2012, andava pelos EUA, os pagamentos móveis pareciam-me ser algo que se materializaria no ano seguinte na Europa. Não o foi, mas também era inevitável.
O que hoje leio, consumo e observo é diametralmente o oposto, no sentido em que não tenho uma clara percepção do que nos espera. O mercado de trabalho já vai sentindo pequenas mudanças, fruto da introdução da IA no mundo empresarial, mas creio que só os mais curiosos e atentos perceberão que a humanidade está à beira de uma mudança de paradigma. E, esta, é a única certeza que tenho.
Só no último mês, tivemos a possibilidade de ouvir Elon Musk a dizer que poderemos adquirir (certamente, num espaço de dez anos) um Optimus por cerca de vinte mil euros (um robot humanoide que fará a maioria das tarefas em casa) e a um táxi autónomo que nem volante terá. Mas mais, que isso, a Open AI deu mais um salto quântico com a apresentação do modelo o1 depois de, pouco tempo antes nos ter surpreendido com o 4o. A versão 3 do ChatGPT já me parece o iPhone 3, sendo que a primeira terá dois anos e o último quase vinte.
Numa entrevista, a resposta de Sam Altman a uma pergunta sobre o que é que as crianças deveriam estar a aprender nas escolas é particularmente reveladora desta mudança de paradigma: «Resiliência, adaptabilidade, criatividade e familiarização com as ferramentas disponíveis». O que me parece óbvio é que todos nós, aqueles ainda no mercado de trabalho, teremos de ter capacidade de adaptação a esta realidade emergente ou… estaremos fora dela.