A doença de Parkinson, uma condição neurodegenerativa popularmente conhecida pelos tremores que afectam os pacientes, pode estar a um passo de ser mais eficazmente detectada de forma precoce.
Os responsáveis são os biossensores desenvolvidos pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) no âmbito do projecto europeu OLIGOFIT, onde também estão instituições de ensino superior da Dinamarca, Alemanha, Polónia e o Latvian Biomedical Research and Study Centre (Letónia).
Segundo a FCTUC, este projecto tem «contribuído especificamente para desenvolver estratégias de detecção da doença que se relacionam com marcadores proteicos conhecidos e a sua agregação» – é aqui que estes biossensores entram.
Ao detectarem estes marcadores proteicos, especificamente a proteína alfa-sinucleína (responsável pela «formação de depósitos anormais conhecidos como corpos de Lewy, que interferem com o funcionamento do cérebro»), os biossensores conseguirão identificar traços iniciais de Parkinson.
Isto acontece, uma vez que estes dispositivos electrónicos conseguem «diferenciar as estruturas de alfa-sinucleína, uma vez que existe uma relação entre as manifestações clínicas e as estruturas agregadas de proteína», explica Goreti Sales, professora do Departamento de Engenharia Química da Universidade de Coimbra.
Mas não é apenas na detecção precoce que estes biossensores serão úteis, já que também podem ser aplicados para «monitorizar a evolução da doença».
Goreti Sales dá um exemplo: «Vamos imaginar que um médico prescreve ao doente um medicamento que retarda a sintomatologia – os biossensores devem poder avaliar o efeito dessa medicação na formação desses agregados, antes até da pessoa sentir o impacto da mesma».
Recentemente, a Universidade de Coimbra tinha entrado noutro projecto com biossensores, com uma empresa polaca, cujo objectivo é fazer um «diagnóstico mais fácil e mais rápido de muitas doenças, como a depressão ou reacções físicas não-esperadas ao stress crónico».