No último ano meio surgiu uma linha de pensamento que diz que o smartphone pode não ser o dispositivo mais apropriado para lidar com o advento da inteligência artificial. Há, até, quem lhe tivesse feito o enterro a prazo. Sou da opinião – daí a esta coluna – de que a notícia desta morte será mesmo um exagero. O que parece ser óbvio é que, por razões de marketing e do efectivo aumento da produtividade ou eficiência, quase todas as aplicações que “habitam” as stores estejam a receber este incremento.
Depois do lançamento do ChatGPT para smartphones, a OpenAI (talvez a mais proeminente empresa nesta área) anunciou também a entrada na “guerra” das pesquisas – não demorará muito até tenhamos, também aqui, uma das maiores revoluções aplicacionais. Algo que venha, de alguma forma, questionar o monopólio Google é digno desse epíteto – aliás, como utilizador da app ChatGPT, são já muitas as vezes que a uso, em detrimento do browser.
Este mês, no entanto, e ainda que em contracorrente com todas as notícias que oiço e vejo sobre o SNS, deixem-me que partilhe a excelência da aplicação do Centro Hospitalar de Lisboa Central. Devido a uma intervenção cirúrgica que tive de fazer, vi-me na contingência de instalar a aplicação – devo referir que não haverá, no domínio dos hospitais privados, algo que seja superior à Mais CHULC. O nome não é, por certo, o mais apelativo, mas a sua eficácia é tremenda, além de ter uma integração muito bem feita com os equipamentos disponíveis nos hospitais de Lisboa Central, com os portais do utente do SNS, da autenticação Gov.pt e de todos os outros, no Ministério da Saúde.
Do agendamento de consulta, à marcação de exames e ao pedido de receituário, todas as interações com o SNS, mesmo as mais pequenas, são registadas com uma eficácia tremenda. Um pequeno, mas elucidativo exemplo: a grande maioria dos hospitais já tem, nas salas de espera, uma máquina onde retiramos uma senha para sermos atendidos, onde está uma ranhura onde inserimos o seu cartão de cidadão, o que valida imediatamente a marcação e atribui uma senha. Esta senha fica, de imediato, disponível no smartphone. É algo simples? É, mas está bem feito! Faltam médicos? Sim. O SNS é perfeito? Muito longe disso. Esta aplicação excedeu as minhas expectativas? De longe!
Adianto um pouco mais: há dezassete anos que esperava por um médico de família. Soube em Maio que, finalmente, tinha alguém que me iria acompanhar e agendaram-me a primeira consulta para o início de Setembro. Durante este processo, fiquei a saber que a nova médica acedeu à minha informação clínica quinze dias antes da consulta. Com esta antecedência, vai parecer que nos conhecemos desde sempre.13