Calma, vamos falar de produtividade e tamanhos de ecrã. Sou adepto de ecrãs grandes e de resoluções generosas a que os nossos olhos agradeçam, nomeadamente, em matéria de conforto. Sou suspeito: recentemente, fui alvo de cirurgias oftalmológicas e o meu mundo mudou bastante, nos últimos trinta dias. Uma coisa é certa, nos meus Mac, como nos tampos de secretária, quanto mais espaço para desarrumar, melhor. Isto, dito assim, corresponde a um círculo vicioso que me atormenta, no que a espaço diz respeito. Conheço muito poucos casos onde o downgrade de espaço tenha sido feito, seja em armazenamento ou em tamanho de ecrã. Pergunto-me como fui, em tempos, capaz de sobreviver com um display de treze polegadas. Se, com 27, já é mais cómodo distribuir ferramentas e documentos sem a necessidade constante (e enervante) de alternar constantemente entre janelas, uma resolução decente contribui, e de que maneira, para uma experiência visual mais nítida e bastante menos cansativa, o que, para quem, como eu, passa grande parte do dia à frente de um (ou mais) ecrã, é uma bênção.
No caso da evolução iMac, quem ainda, como eu, tem um ecrã principal com 27 polegadas (e um glorioso e ainda funcional Apple Cinema Display de 30, como secundário…), o cenário é um pedacinho frustrante. Um novo iMac limita a escolha do comprador a 24 polegadas de tamanho máximo, o que seria um downgrade. «Mas, oh, Aniceto, tens opções de Mac com ecrãs de maior área…». Pois tenho, mas os meus rins fazem-me falta e não me apetece vendê-los. Ter um ecrã secundário com um tamanho maior que o principal é um bocado contranatura: assanha-me o OCD e faz-me pensar que há demasiado tempo que a Apple não suprime esta lacuna nas máquinas ditas de “consumo”. Consumo é, como todos sabemos, grande parte do hardware usado por PME e freelancers, em geral. Obrigar um designer ou editor de audio/vídeo a trabalhar em 24 polegadas é só meio palerma (mas há muitos que, por necessidade, o fazem) e a malta do código até se arrepia quando tem de trabalhar com tais restrições.
Não pensem que os únicos profissionais que se deleitam com ecrãs grandes são os criativos, nada disso. Deixem um analista à frente de uma folha de cálculo de dimensões reduzidas e vejam como ele começa a respirar fundo de cada vez que arrasta um slide do elevador… sim, vou ter de trocar de Mac e estou meio irritado com a falta de opções, pelo que resolvi desabafar convosco – porque o tamanho importa, seja o ecrã ou a carteira.