O Linux consegue funcionar numa máquina com um processador Intel 4004, mas demora cinco dias a arrancar

O processador Intel 4004 foi o primeiro chip da empresa e foi desenhado especialmente para uma calculadora.

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 3 min
Imagem - Dmitry Grinberg

Dmitry Grinberg projectou o firmware para os badges dos participantes da conferência DefCon 32 deste ano, que incluíam um emulador de Game Boy Advance. Ele também conseguiu pôr o Doom a correr no badge, que usava o novo SoC RP 2350 da Raspberry Pi. A DefCon acabou por banir Grinberg e expulsou-o do local da conferência, no meio de uma palestra, por causa da sua associação com o designer de hardware do badge, a Entropic Engineering, com quem os organizadores da DefCon estavam em conflito.

O mais recente projecto de Grinberg foi o desafio de fazer o Linux funcionar num Intel 4004 de 1971. Foi o primeiro chip comercial da Intel e antecede o Linux em duas décadas.

O Intel 4004 era um processador de 4 bits que funcionava a 740 kHz com apenas 2.600 transístores e 16 registos. A Intel projectou especificamente o 4004 para a Busicom 141-PF, uma calculadora fabricada no Japão, então sua lista de operações era essencialmente somar e subtrair. Não tinha funções lógicas. Também tinha cerca de quatro kilobytes de RAM. Portanto, não há como executar o Linux no 4004 num sentido literal. É aqui que o pensamento fora da caixa e o hacking de software/hardware de Grinberg entraram em jogo.

Primeiro, ele criou um emulador muito básico MIPS R3000 para o 4004. O processador MIPS R3000 é de 1988, mais ou menos na mesma altura em que Linus Torvalds escreveu a versão original do Linux.

Através da utilização de vários componentes vintage e ainda mais emulação de hardware e feitiçaria de software, Grinberg criou uma placa personalizada com um ecrã rudimentar para mostrar que é possível fazer arrancar uma distro Debian básica até chegar à linha de comandos. Ele provou que tudo isto é possível, mas não vai quebrar nenhum recorde de velocidade.

Mesmo a funcionar em overclocking a uns “incríveis” 790 kHz, a máquina levou nove dias a arrancar. Após alguns ajustes, Grinberg conseguiu reduzir o tempo de arranque para 4,76 dias. Ele acelerou consideravelmente o vídeo que publicou (acima) para mostrar o processo de inicialização para transformar esse tempo em algo que se pode ver em poucos minutos.

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