Granter.ai quer ser a empresa a que as PME europeias recorrem regularmente para procurar financiamento

A startup portuguesa desenvolveu uma plataforma digital com recurso a inteligência artificial que faz o “match” entre empresas e fundos europeus.

Por: Mafalda Freire
Tempo de leitura: 5 min
© Granter.ai

A Granter.ai surgiu para democratizar o acesso a financiamento público, permitindo que «pequenas e médias empresas possam alavancar o seu crescimento e inovação», como explica Bernardo Seixas, co-fundador e CEO da startup. A ideia nasceu num ambiente de «ideação numa incubadora em Lisboa, com a premissa da burocracia e falta de transparência associados aos apoios financeiros em Portugal». O empreendedor e o outro co-fundador, Bernardo Tavares, falaram com «mais de uma centena de empresas portuguesas» e identificaram que «não sabiam que oportunidades de financiamento existiam ou para quais eram elegíveis». Além disso, também perceberam que o processo de candidatura aos fundos europeus é «muito lento e burocrático». Assim, rapidamente perceberam que existia uma «desconexão muito grande entre os fundos europeus e as empresas que querem apoiar».

A Granter.ai nasceu exactamente com esse foco e, por isso, a startup desenvolveu uma plataforma digital com recurso a inteligência artificial que faz a «ligação entre as empresas e os fundos certos», salienta Bernardo Seixas. O responsável destaca como tudo é feito: «Os nossos modelos de IA processam toda a informação que temos de cada empresa registada na plataforma e, em simultâneo, os critérios de elegibilidade/avaliação de cada oportunidade de financiamento. Correlacionando esses dados, conseguem identificar as oportunidades mais relevantes para cada uma das empresas e sugerir a que fundos se devem candidatar». Com a ajuda de IA, a solução da Granter.ai consegue «gerar um rascunho da candidatura que torna o processo mais fácil, rápido e, consequentemente, mais barato que nas consultoras tradicionais», acrescenta o responsável. Mas a Granter.ai não quer ficar por aqui, como salienta o CEO: «Estamos já a olhar para outras partes do processo como a gestão dos apoios após a sua aprovação e a avaliação de candidaturas por parte das entidades promotoras».

Futuro feito a crescer
A plataforma da startup tem, neste momento, «mais de 850 empresas registadas e perto de 500 candidaturas geradas por IA». Bernardo Seixas esclarece que, destas, «mais de 120 foram submetidas através do serviço ‘Expert Review’, que inclui uma revisão completa e submissão das candidaturas por parte de especialistas da startup, de modo a garantir a mais alta probabilidade de sucesso». Assim, as candidaturas preparadas pela Granter.ai já chegaram a «mais de catorze milhões de euros». O processo de avaliação de candidaturas «é muito lento» e por isso, em nove meses, a Granter.ai só conseguiu duas aprovações, que resultaram em «mais de 160 mil euros para os clientes», revela Bernardo Seixas.

As perspectivas da startup passam por «testar a expansão internacional do negócio ainda este ano», já que os «problemas identificados em Portugal se aplicam a qualquer outro país europeu». A Granter.ai vai começar por «Espanha, Alemanha e, depois, Itália» por «serem das maiores economias europeias» e terem um «ecossistema de incentivos financeiros e fiscais muito forte». Para responder a esta desafio, a equipa de sete pessoas vai crescer, assegura Bernardo Seixas: «Prevemos aumentar a equipa, ainda este ano, com dois objectivos: primeiro, a internacionalização, começando por Espanha, através da contratação de uma pequena equipa local; segundo, o desenvolvimento tecnológico, contratando mais engenheiros informáticos e especialistas em IA».

No futuro, Granter.ai quer ser «vista como a ferramenta que as PME europeias utilizam regularmente para procurar oportunidades de financiamento». A empresa espera ainda que haja uma evolução dos modelos de IA que permita «gerar novas candidaturas em apenas alguns minutos» de empresas que já usem a plataforma da startup.

O CEO revela, ainda, outro desejo, mais ambicioso: «Esperamos conseguir estabelecer uma relação estreita com reguladores nacionais e europeus para que seja possível disponibilizar a nossa tecnologia de modo a facilitar todo o processo de distribuição de fundos comunitários, desde a candidatura até à avaliação, execução e análise de resultados».

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