Mais de quatro meses após ter chegado ao espaço, a nova vela solar da NASA, ACS3, foi desfraldada. A vela está agora a mover-se pelo espaço, usando apenas o fluxo constante de fotões vindos do Sol para a impulsionar.
ACS3 – abreviatura de Advanced Composite Solar Sail System – é a segunda tentativa da NASA de provar que é possível fazerem-se viagens espaciais virtualmente infinitas usando apenas o Sol. Em Novembro de 2022, a agência lançou o NEA (Near Earth Asteroid) Scout do tamanho de uma caixa de sapatos através da missão Artemis I. O NEA Scout também tinha um sistema de propulsão que usava uma vela solar e deveria encontrar-se com o asteróide 2020 GE, provando a viabilidade de satélites de pesquisa de baixo custo em missões de longa duração.
Infelizmente, a NASA perdeu a comunicação com o NEA Scout após a partida da Artemis I, tornando a missão um fracasso quase imediato.
Até agora, o ACS3 tem-se mostrado mais bem-sucedido. A nave espacial foi lançada a 23 de Abril a partir da Península de Māhia, na Nova Zelândia, tendo viajado até à órbita terrestre no foguetão Electron da Rocket Lab. Assim que o ACS3 e o seu companheiro de viagem, o nanosatélite sul-coreano NEONSAT-1, chegaram em segurança ao espaço, o ACS3 desdobrou os seus painéis solares que servem exclusivamente para fornecer energia ao sistema de posicionamento, porque a propulsão usa apenas as velas da nave espacial.
O Sol emite constantemente fotões, ou partículas subatómicas responsáveis pelo que percebemos como luz. Embora os fotões não tenham massa, eles têm momento que pode ser aproveitado como o vento para impulsionar um objecto muito leve. Além do CubeSat 12U que contém os componentes mecânicos do ACS3, com as velas completamente abertas, a nave espacial ocupa uma área de 10 por 10 metros mas é surpreendentemente leve, permitindo-lhe, espera-se, usar o vento solar como um veleiro na água. A interceptar a barragem de fotões do Sol estão quatro velas ultrafinas de polímero reflector, presas em braços feitos em fibra de carbono, que foram desfraldadas a 29 de Agosto.
“O Sol continuará em actividade durante milhares de milhões de anos, por isso temos uma fonte de propulsão ilimitada. Nas missões futuras, em vez de lançar naves com enormes depósitos de combustível, podemos usar velas maiores que utilizam ‘combustível’ já disponível”, disse o engenheiro de sistemas líder do ACS3, Alan Rhodes, num artigo publicado no blogue da NASA em Abril. “Vamos demonstrar um sistema que utiliza este recurso abundante para dar os próximos passos na exploração e na ciência.”
A NASA diz que a nave espacial pode ser visível aos observadores de estrelas enquanto orbita a Terra a aproximadamente o dobro da altitude da Estação Espacial Internacional. A equipa da missão vai passar as próximas semanas a testar as capacidades de manobra do ACS3, inclinando, elevando e baixando a nave espacial. As quatro câmaras a bordo do ACS3 irão, entretanto, captar uma vista panorâmica das velas e dos braços, oferecendo à equipa os meios para monitorizar visualmente o desempenho e a integridade da nave espacial. A NASA irá disponibilizar ao público algumas destas imagens de alta resolução.