A evolução das tecnologias de comunicação é cada vez mais rápida e, na maioria das vezes, disruptiva com as tecnologias que lhes precedem. Em três décadas, as redes de telemóveis (que em Portugal só surgiram no início dos anos noventa) já passaram por cinco gerações e já se trabalha no 6G. Estas redes mais rápidas, e com um uso mais eficiente do espectro disponível, fazem com que seja inevitável desligar as antenas das gerações mais antigas e, consequentemente, fazer aparecer a obsolescência de todos os telemóveis que não foram criados para serem compatíveis com as novas redes.
Tendo em consideração que os operadores nacionais começaram, em Junho, a desligar algumas das antenas 3G, teremos muitos equipamentos que, mesmo sendo 4G, são incapazes, a partir deste momento, de fazer chamadas telefónicas. Isto porque, para os terminais, não basta terem a capacidade de se ligar à rede de dados 4G, mas também de serem compatíveis com VoLTE (Voz sobre LTE/4G). Tecnicamente, isto significa que telemóveis com mais de dez anos, como o iPhone 5S ou o Galaxy S6, deixam de poder fazer chamadas e, em casos mais extremos, teremos equipamentos fabricados até finais de 2020 com o mesmo problema.
Esta evolução acelerada acaba por ser mais um investimento imposto aos utilizadores e também representa uma quantidade enorme de equipamentos funcionais que, na melhor das hipóteses, acaba prematuramente num centro de reciclagem. Em contraste directo com os telemóveis, os telefones fixos com quase um século e meio de evolução continuam, em grande parte, a manter os mesmos princípios e a compatibilidade com as linhas actuais.
Para testar e celebrar este facto, dediquei-me a um projecto que tinha já há algum tempo debaixo de olho: restaurar um telefone AEP Tipo 332 (Novembro de 1959) e integrá-lo no meu serviço de voz, em casa. Depois de desenferrujar, polir e lubrificar, apenas tive de o ligar ao meu FiberGateway Wi-Fi 6 GEN 8 (Março de 2022), como faria com um telefone actual, e fazer uma chamada. Não pude deixar de ficar fascinado com a simplicidade e resiliência de um design pensado para superar o teste do tempo e agradecer aos engenheiros da Altice por manterem a compatibilidade com impulsos de discagem na linha de voz. Esta é uma característica não-documentada do seu Gateway que permite a fusão perfeita de dois dispositivos com mais de 62 anos de diferença.