O Ácido desoxirribonucleico ou ADN é um polímero natural que define a genética de todos os seres vivos conhecidos. Há muito que se tenta explorar as capacidades únicas do ADN para a sua utilização no universo digital, mas os resultados têm sido muito limitados. Agora, os responsáveis por uma iniciativa apoiada pela União Europeia pensam que vão conseguir atingir o objectivo em apenas três anos.
Uma equipa internacional, liderada pela empresa lituana Genomika, está a trabalhar num sistema de armazenamento de dados baseado em ADN. Esta tecnologia é completamente autónoma e pode, potencialmente, guardar todos os dados digitais da humanidade numa caixa de pequenas dimensões. A tecnologia chama-se DNAMIC, ou DNA Microfactory for Autonomous Archiving, o projecto, que recebeu um apoio de 5 milhões de euros da EU, espera conseguir obter uma eficiência sem precedentes em relação à forma como os data centers modernos usam energia para fazer funcionar a Internet moderna.
O projecto DNAMIC tem o objectivo de criar uma ‘microfábrica’ de baixo consumo energético que seja capaz de oferecer serviços de armazenamento de dados em ADN. Supostamente, o dispositivo vai estar pronto daqui a três naos e via fornecer tudo o que um sistema de dados necessita, incluindo codificação e descodificação, controlo de qualidade e mais.
De acordo com a equipa da Kaunas University of Technology (KTU URI), só para armazenar dados, os data centers convencionais consomem actualmente 1,5 por cento da electricidade produzida em todo o mundo e emitem anualmente 200 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera. Todos os anos são produzidos cada vez mais dados e a utilização de IA vai exacerbar ainda mais o problema.
Lukas Zemaitis, um dos fundadores da Genomika, diz que o ADN é a solução ideal para guardar dados digitais, porque foi sendo aperfeiçoado ao longo de milhares de milhões de anos, o ADN é uma molécula biológica altamente compacta muito estável e fiável para aplicações de armazenamento de dados no longo prazo.
A ‘microfábrica’ do DNAMIC será facilmente interoperável e fácil de reparar ou modificar. A solução de armazenamento baseada em ADN estará de acordo com o modelo de referência Open Archival Information System (OAIS) e até via ter um esquema de codificação com dois níveis para implementar estratégias de recuperação dos dados em caso de acidente.
A equipa de desenvolvimento diz que a tecnologia de armazenamento de dados em ADN está a ser estudada há mais de 60 anos e está confiante que vai conseguir completar o desenvolvimento desta nova tecnologia num muito curto período. O projecto DNAMIC terá sede na Lituânia, mas quer resolver uma problema global.