A maioria dos utilizadores usa sempre os carregadores que vêm com os equipamentos. Mas, por vezes, avariam-se ou deixam de funcionar, o que obriga a comprar um novo. Depois há a questão dos fabricantes que começaram a vender smartphones e tablets sem carregador para “proteger o ambiente”… ou, talvez, para obrigar mesmo os consumidores a comprar um dos seus. Escolher o carregador correcto pode ser complicado, porque os cabos e as características são muito semelhantes: se escolher mal, pode danificar gravemente os seus dispositivos.
Smartphones e tablets
Para escolher o carregador correcto para um smartphone ou tablet, a primeira coisa a fazer é ver no manual qual é a potência em watts (W) de que o dispositivo precisa. Grande parte dos smartphones actuais usam uma potência entre os 5 e os 20 W. Por exemplo, o Pixel 7A da Google tem de ter um transformador capaz de fornecer 17 W; já a Apple recomenda um de 20 W ou mais para os iPhone 15. Já os modelos que têm carregamento ultra-rápido precisam ainda de mais potência. Neste momento, o recordista é GT3 da Realme: chega aos 240 W e pode ser carregado completamente em menos de dez minutos. Se não conseguir saber a potência necessária nas especificações do dispositivo, procure informação acerca de volts e amperes, pois ao multiplicar estes dois valores ficamos com a potência em watts.
Não há qualquer problema se o carregador que está a usar tiver um pouco mais de potência que o necessário, mas o inverso não é recomendável: nestes casos, os dispositivos acabam por completar as suas necessidades de energia a partir das próprias baterias, o que, por sua vez, pode levar a um sobre-aquecimento. Em relação aos tablets, como têm ecrãs maiores e, em certos casos, mais funcionalidades que os smartphones, as baterias têm mais capacidade e necessitam de mais potência para carregar.
Ligações e padrões
Verificar se o carregador usa a norma de ligação correcta é um pouco mais complicado, devido a questões relacionadas com a potência – actualmente, a norma mais usada é a USB Power Delivery (USB PD). Os cabos USB PD 3.0 podem “transportar” até 100 W de potência e a norma USB PD 3.1 (lançada em 2021) pode chegar aos 240 W. A Quick Charge 4 da Qualcomn (lançada em 2017) é completamente compatível com a USB PD.
Antes de tentar saber que versão do USB PD ou Quick Charge necessita, tem de saber se o dispositivo é compatível com carregamento rápido por PPS (Programmable Power Supply). Esta é uma parte opcional da norma USB PD que pode carregar os dispositivos mais rapidamente através da alteração da voltagem e amperagem em tempo real, para fornecer a quantidade certa de energia de que o dispositivo necessita (por exemplo, o Samsung Galaxy S20 foi primeiro smartphone compatível com PPS). Aqui, é necessário olhar para os logótipos no dispositivo, no carregador ou no manual para perceber se é compatível com PPS: se estiver presente a indicação ‘Fast Charger 80W’, então sim; caso seja ‘Charger’, não, apesar de ser igualmente rápido. Os dispositivos compatíveis com Quick Charge têm um logótipo que faz lembrar um ‘Q’ com um raio lá dentro, como o número ao lado a indicar a versão.
Se o seu dispositivo não for compatível com USB PD, o mais certo é usar uma norma de carregamento específica do fabricante, como a Warp Charge da One Plus ou a HyperCharge da Xiaomi. No caso de ter um iPhone 12, 13 ou 14, tudo isto é irrelevante porque estes dispositivos usam uma entrada específica da Apple chamada Lightning. O iPhone 15 já veio uma USB-C, coisa que os iPad já tinha há algum tempo. Se quiser baixar o consumo do carregador procure também um que use tecnologia de nitrato de gálio (GaN) – estes são mais eficientes que os modelos mais antigos.
Portáteis
De todos os dispositivos móveis, os portáteis são aqueles que necessitam das maiores baterias e, por isso, carregadores com mais potência. Os portáteis mais pequenos precisam de entre 35 e 45 W e os de tamanho médio, de 65 W; os computadores maiores podem ultrapassar os 100 W.
Actualmente, muitos portáteis podem ser carregados através de uma ligação USB-C e os carregadores para estas máquinas são, geralmente, mais pequenos que os dos portáteis que usam uma entrada de energia tradicional. No entanto, apenas os computadores compatíveis com a norma USB PD podem ser carregados através das entradas USB.
Outra norma que pode ser usada para carregar a bateria dos portáteis é a Thundernbolt. Geralmente, estas entradas são semelhantes às USB-C e permitem a utilização de carregadores com cabos deste tipo; os cabos Thunderbol 3 e 4 permitem entre 100 e 240 W de potência.
Cuidado com as falsificações
Vários marketplaces online têm à venda uma enorme quantidade de carregadores falsificados. Se não tiver cuidado, pode danificar os seus equipamentos e, no limite, até a uma casa.
Há várias formas de verificar se um carregador é mesmo genuíno: a primeira coisa a ver é a distância entre a ponta dos pinos e o corpo do carregador, se for abaixo dos 9,5 mm há risco de choque eléctrico. Também nunca deve comprar um carregador que não tenha marca, uma vez que é mais provável que não cumpram as normas de segurança. Verifique se o carregador vem com a sigla ‘CE’ (Conformité Européenne), mas tenha cuidado: a marca ‘CE’ é semelhante à da ‘China Export’, cujos produtos podem não estar de acordo com as regras europeias.