O Departamento de Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos (DER) do Instituto Superior Técnico (IST) está a desenvolver um digitalizador com inteligência artificial que vai permitir prever a textura interior, antecipando as cores e os desenhos dos veios, em blocos de mármore de até 25 toneladas.
Esta tecnologia está a ser desenvolvida em «escala laboratorial» nas instalações fabris do Grupo Galrão, em Pêro Pinheiro, pelo DER e pelo Centro de Recursos Naturais e Ambiente (CERENA) e tem potencial para «revolucionar» o sector. Jorge Galrão, director de exportação do grupo, afirma que a iniciativa vai possibilitar que «o mármore português se torne mais competitivo nos mercados dos Estados Unidos e do Médio Oriente».
O primeiro objectivo do projecto ‘Stone4.0: Artificial Intelligence for Stone Products Valorization’ é montar um digitalizador de blocos nas pedreiras do Grupo Galrão em Estremoz e Vila Viçosa para que saiam apenas «blocos que, no seu interior, contenham padrões previamente seleccionados digitalmente e escolhidos pelos clientes». Desta forma, apenas esses blocos serão cortados e por um certo lado para que «as placas tenham exactamente o desenho presente no catálogo» isto porque «o padrão visual das placas depende do lado pelo qual se começa a cortar a pedra», salienta Gustavo Paneiro, investigador e docente do Departamento de Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos – DER.
O responsável acrescenta que a simulação digital usa «modelos matemáticos para permitir visualizar, com precisão, toda a variedade de padrões diferentes que pode ser obtido a partir de um só bloco». Além disso, a tecnologia que está a ser desenvolvida vai trazer outros benefícios como esclarece Amélia Dionísio, professora e investigadora do DER: «O digitalizador que estamos a construir irá oferecer muitas mais pré-opções aos arquitectos e decoradores e, sobretudo, permitir à indústria oferecer aos seus clientes peças que eles escolheram com uma precisão notável e quase sem desperdícios, o que era impensável até há muito pouco tempo».
O projecto é financiado pelas verbas europeias das Agendas Mobilizadoras do PRR, programa de apoio a consórcios de empresas, universidades e centros de investigação para a inovação e criação de novos produtos e serviços de alto valor acrescentado. Para além do Grupo Galrão, estão envolvidos na iniciativa os grupos A. Bento Vermelho e Marmocazi e as tecnológicas Sevways Portugal e FrontWave.