O mais recente relatório do Ember, um ‘think tank’ que monitoriza a produção e consumo energético em todo o mundo desde o ano 2000, indica que, em 2023, 30% do consumo de electricidade total de todos os países do mundo veio de fontes de energia renováveis. As principais razões para se ter chegado a este valor são as apostas agressivas na mudança para a geração de electricidade através de energia eólica e solar no Brasil e na China e também a instalação de centrais solares de grandes dimensões em vários países. Segundo o relatório, se esta tendência se mantiver, em 2035, vários países vão conseguir atingir um estado de neutralidade carbónica na produção de energia eléctrica
O Global Electricity Review 2024, usa dados de produção e consumo de energia de 80 países que são recolhidos a partir do Statistical Review of World Energy do Energy Institute, a Energy Information Administration, Eurostat e outras agências de 70 países. Apesar de os diferentes países usarem metodologias diferentes, o Ember verifica todos os dados e cruza-os para obter a melhor precisão possível. O resultado é uma imagem que engloba, pelo menos, 94% das redes de energia de todo o mundo.
De acordo com o relatório, são 33 os países que conseguem fornecer 10% da energia eléctrica a partir fontes solares, incluindo o Chile, Austrália e os Países Baixos. A energia eólica também contribuiu muito para o aumento da produção de electricidade através de energias renováveis. A China é responsável por 60% da produção de energia através meios eólicos em todo o mundo. Esta fonte foi responsável por 7,8% da produção de energia em todo o mundo.
Portugal não é destacado no estudo, mas, segundo dados da REN, em 2023, as renováveis abasteceram 61% do consumo total de electricidade no país. A produção das renováveis distribuiu-se por 25% nas eólicas, 23% hidroeléctrica, 7% solar e 6% de biomassa.
Segundo o Ember, o aumento da utilização de renováveis podia ter reduzido as emissões de carbono em 2023, se não tivessem ocorrido secas na China, Índia e Vietname e México que fizerem baixar a produção de energia hidroeléctrica, o que os obrigou a compensar com a utilização de centrais a carvão. E isto fez com que, apesar de a utilização de energias renováveis ter crescido, as emissões de carbono também cresceram em 1%.