Recentemente impedida de exercer a actividade em Portugal devido a uma investigação da CNPD, a Worldcoin tinha agendado para hoje uma conferência de imprensa virtual. O objectivo era anunciar duas mudanças na forma de operação desta empresa que lê as íris dos utilizadores em troca de uma soma em criptomoedas.
Assim, e como forma de «reforçar a segurança e aumentar a transparência» desta plataforma, a Worldcoin passa a pedir a «verificação presencial de idade», para que apenas pessoas com «mais de dezoito anos» se possam propor para a leitura da íris; e a possibilidade de «apagar a verificação do World ID através da eliminação permanente do código da íris».
Estas duas actualizações à política de segurança da Worldcoin, reveladas por Ricardo Macieira (na foto de destaque), director regional para a Europa da Tools for Humanity – a empresa por trás da Worldcoin – vão ser «implementadas a nível global» e não apenas nos países onde as autoridades levantaram dúvidas sobre os procedimentos da empresa.
Lembre-se que, por exemplo, em Portugal e Espanha, a Worldcoin está impedida de exercer a sua actividade; cá, a suspensão vigora até 24 de Junho. Este é o período definido pela CNPD para fazer uma investigação sobre o modus operandi e a legalidade da recolha de dados biométricos por parte desta empresa.
Enquanto apagar o código da íris na app depende de cada utilizador, a verificação de idade estará a cargo de terceiros: «Será feita por uma empresa externa e não pelos funcionários da Worldcoin. Vai ser muito simples, como acontece nas discotecas, com a validação a ser feita com base num documento emitido pelo Governo, passaporte ou CC», garantiu Ricardo Macieira.
Contudo, e como neste momento, a actividade da empresa está suspensa, a escolha desta empresa ainda não foi feita: «Estamos a avaliar qual será a melhor opção, entre as entidades habilitadas para fazer este controlo de identificações pessoais».
Sobre o facto de estas duas mudanças serem senso comum em aplicações que lidam com a recolha de elementos relacionados com a identidade pessoal, o que evitaria terem de ser adoptadas na sequência de investigações por entidades governamentais, Tiago Sada (director de produto, engenharia e design da Tools for Humanity) faz uma comparação com as redes sociais.
«A Worldcoin é mais privada que o Facebook e que o Instagram, duas redes sociais que não pedem verificação de idade. E estes dois serviços sabem tudo sobre nós, onde moramos, onde estamos… a nossa plataforma é completamente anónima, tem mais medidas de segurança que as redes sociais».
Ricardo Macieira lembra ainda que a empresa «cumpriu sempre com todos os requisitos da CNPD» e até foi além disso: «Todas as vezes que nos foi pedida informação, respondemos com a máxima rapidez. Os processos foram seguidos». O director regional para a Europa da Tools for Humanity lembrou ainda que a empresa opera em «total conformidade» com o Gabinete de Supervisão da Proteção de Dados do Estado da Baviera (BayLDA), a «principal autoridade de supervisão do projecto WorldCoin na União Europeia».
Contudo, e neste momento, o certo é que a CNPD está a investigar a forma como a Tools for Humanity tem feito a recolha de dados biométricos em Portugal, principalmente por ter havido menores a recorrer a este serviço.