A Google aceitou apagar dados de navegação que recolheu durante sessões de navegação na Internet no modo ‘Navegação Anónima’ do browser Chrome. Isto vem no seguimento de um processo judicial em que a empresa era acusada de recolher dados acerca dos hábitos de navegação dos utilizadores do Chrome no modo de ‘Navegação Anónima’ que se pensava ser mais privada que o modo normal.
Em 2020, William Byatt da Flórida e Chasom Brown e Maria Nguyen da Califórnia deram entrada a uma queixa contra a Google em que a empresa era acusada de violar as leis que regem a monitorização de comunicações e onde é alegado que os sites que usam os serviços Google Analytics e Ad Manager conseguiam recolher informações da navegação mesmo quando os utilizadores usavam o modo de ‘Navegação Anónima’. Essa informação incluía conteúdos das páginas, informação sobre os dispositivos e endereços IP. A Google também foi acusada de associar os dados de navegação privados que foram recolhidos com perfis de utilizadores existentes.
Na queixa, também é alegado que a Google transformou essa informação num meio de inferir identidades e outros pormenores pessoais como as comidas preferidas, hobbies, hábitos de compra e pormenores “íntimos e potencialmente embaraçosos”.
Em Dezembro de 2020, a Google disse que estava pronta para chegar a acordo e agora os detalhes desse acordo tornam-se públicos depois de terem sido publicados pelo tribunal federal de Oakland na Califórnia.
O acordo, a ser aceite pelo tribunal, pode afectar os 136 milhões de pessoas que usaram o modo de navegação anónima desde 1 de Junho de 2016. A Google terá de apagar os dados recolhidos até Dezembro de 2023 e quaisquer dados que não sejam apagados terão de ser anonimizados.
A Google terá também de actualizar os avisos acerca dos dados que recolhe quando os utilizadores usam o modo de ‘Navegação Anónima’, coisa que já começou a fazer no Chrome. Por fim, terá de permitir aos utilizadores do modo de ‘Navegação Anónima’ o bloqueio de cookies de terceiros por um período de cinco anos.
O acordo está avaliado em 5 mil milhões de dólares, mas pode chegar aos 7,8 mil milhões. Estes valores foram calculados a partir da valorização dos dados guardados que a Google terá de destruir e também dos dados que já não poderão ser recolhidos. Os utilizadores afectados não vão receber nenhuma indemnização, mas utilizadores individuais podem dar entrada a pedidos junto do tribunal estadual da Califórnia, o que já foi feito por cerca de 50 pessoas.
Os documentos relacionados com este caso sugerem que a correcção da impressão que os utilizadores tinham de que a ‘Navegação Anónima’ era realmente anónima nunca foi uma prioridade para a Google. Em 2018, um engenheiro da Google disse: “Temos de deixar de lhe chamar ‘Anónimo’ e deixar de usar o ícone do espião’.
Um estudo, realizado em 2018, concluiu que 56,3% das pessoas que responderam acreditavam que a utilização do browser no modo ‘Navegação Anónima’ conseguia impedir a Google de ficar a saber o histórico de navegação. 37% acreditavam que este modo conseguia impedir os empregadores de saberem o que faziam online.
Na realidade, este modo de funcionamento apenas apaga o histórico de navegação, cookies e outros dados temporários relativos a essa sessão para que as pessoas que usem um mesmo dispositivo não vejam as actividades online umas das outras.