Matrix é o nome do protocolo informático que as aplicações têm de seguir para poder comunicar na rede. Ou seja, para aceder à rede, precisamos de utilizar uma aplicação que “fale” este protocolo. O WhatsApp também tem de implementar o protocolo da respectiva rede, mas enquanto as especificações do WhatsApp são secretas, as da Matrix são abertas e qualquer pessoa ou entidade pode estudá-las e contribuir para o seu desenvolvimento.
Como o protocolo é público, um programador competente pode fazer uma aplicação que o implemente e, por esse motivo, existem várias aplicações para se ligar à rede Matrix. A mais conhecida é a Element (element.io) e existe para as principais plataformas móveis computadores. Quem não quiser instalar outra aplicação, também pode utilizar o Element Web app.element.io) um browser.
Telegram, Element e WhatsApp
Na Matrix, todas as mensagens directas ou em grupo são, por omissão, cifradas ponta-a-ponta, o que não acontece no Telegram, onde não é possível enviar mensagens cifradas em grupos. Mesmo a cifra de mensagens directas entre apenas dois utilizadores do Telegram (Secret Chat) tem de ser solicitada explicitamente por quem envia a mensagem.
Ao contrário do WhatsApp, o Telegram permite o desenvolvimento de apps que se ligam à sua rede – as principais são publicadas como software livre e de código aberto (FOSS). O mesmo já não acontece com o código do servidor Telegram, que é fechado.
No caso do Signal, o código fonte, quer das apps, quer do servidor, é publicado com licenças livres e abertas, tal como o Element e outras aplicações da Matrix.
Redes centralizadas vs. federadas
Existe, no entanto, uma diferença fundamental entre a Matrix e todas as restantes redes mencionadas: é uma rede federada, enquanto que as restantes são centralizadas. Na prática, isto significa que ninguém pode montar um servidor WhatsApp, Telegram ou Signal e ligar-se à respectiva rede. Na Matrix, para isto ser possível, basta instalar um dos softwares de servidor, como o Synapse ou o Conduit.
Fazendo um comparativo com o correio eletrónico, que utiliza o modelo federado, qualquer pessoa ou entidade pode montar o seu servidor, que irá comunicar com os servidores das restantes entidades. A Google, por exemplo, montou os seus servidores de e-mail para o domínio gmail.com; já a Associação Nacional para o Software Livre (ANSOL) usou o ansol.org. Apesar de serem servidores geridos por entidades distintas, alguém com um endereço de email @gmail.com pode enviar mensagens para @ansol.org e vice-versa. Da mesma forma, na rede Matrix, qualquer entidade pode montar um servidor associado ao seu domínio, que irá comunicar com todos os restantes servidores Matrix das diferentes entidades. Por outro lado, as mensagens dentro do mesmo domínio não saem do servidor da entidade que o controla, o que aumenta a privacidade das comunicações.
Entrar na Matriz
Para entrar na rede Matrix, basta criar uma conta utilizando uma das apps (por exemplo, a Element Web), escolher um servidor (homeserver) e criar uma conta. Se não souber que homeserver escolher, pode optar pelo matrix.org, que é o mais popular. Por outro lado, para melhorar a descentralização da rede, poderá optar por um servidor diferente: a ANSOL tem o seu próprio, por exemplo. Na maior parte dos servidores, não terá de fornecer o seu número de telemóvel. Ao contrário das restantes redes mencionadas, na Matrix, os utilizadores não são identificados pelo seu número de telefone mas, sim, por um identificador semelhante a um endereço de correio eletrónico. Alguns servidores também não pedem, sequer, o seu endereço de correio eletrónico; mas, para conseguir recuperar a conta caso se esqueça da senha, terá de o dar.
Conclusão
Esta rede é uma alternativa descentralizada para comunicação instantânea. Agora que já está na Matrix, venha conversar connosco no canal ‘ANSOL Geral’: matrix.to/#/#ansol:matrix.org.