Uma das tecnologias que mais evoluiu nos últimos anos foi a da fotografia digital. Actualmente é possível comprar em qualquer lado um smartphone com uma câmara com uma resolução de 200 megapíxeis, mas, por vezes, essa resolução não chega. Uma equipa de engenheiros do SLAC National Accelerator Laboratory na Califórnia estão a terminar a construção da maior câmara fotográfica do mundo que será instalada no observatório Vera C. Rubin em Cerro Pachón no norte do Chile. Depois de estar a funcionar, esta câmara será capaz de tirar fotografias do universo com 3,2 gigapixel (3200 megapíxeis) de resolução.
O observatório está em construção há 20 anos e está praticamente pronto. A equipa do SLAC já acabou de montar os componentes mecânicos da câmara, incluindo os 189 sensores de imagem CCD que foram desenhados especificamente para esta câmara. Agora, estão a fazer uma ronda de testes preliminares para se certificarem que está tudo a funcionar antes de enviar a câmara, que pesa 3 toneladas, para instalação no observatório.
O telescópio espacial James Webb funciona no espectro infravermelho e consegue obter imagens do universo com um nível de detalhe nunca antes conseguido. Já esta nova câmara funciona no espectro da luz visível. Como este observatório é terrestre, a câmara não está sujeita aos constrangimentos de espaço e de massa que afectam os dispositivos projectados para os telescópios espaciais, por isso pode ter o tamanho que for necessário para conseguir captar áreas maiores do espaço.
O observatório Vera C. Rubin vai usar a câmara, que tem uma lente com 1,6 metros e um espelho com 7,2 metros para recolher 20 terabytes de informação todas as noites. Este observatório será capaz de ver 20 mil milhões de galáxias e 17 mil milhões de estrelas da Via Láctea com um ângulo de visão de 18000 graus quadrados. Na astronomia, um ângulo de visão de 18000 graus quadrados refere-se à área do céu que está a ser observada. Para compreender isto, é útil saber que a esfera celeste completa tem uma área de aproximadamente 41253 graus quadrados. Assim, um ângulo de visão de 18000 graus quadrados corresponde a quase 44% do céu inteiro.
O observatório Vera C. Rubin será capaz de fotografar cada zona do céu a cada três dias. Estas imagens serão usadas para mostrar a forma como os objectos celestes se movem e como o brilho se altera ao longo do tempo. Será possível observar fenómenos galácticos como supernovas ou rastrear objectos mais próximos, como os movimentos de asteróides que passem junto à Terra. Os cientistas de todo o mundo vão ter acesso diário aos dados e será possível
Os testes estarão terminados em breve e a câmara deve ser enviada para o observatório em Maio. Os primeiros testes reais da câmara devem ser realizados na segunda metade de 2024.