Uma equipa da Univerisdade de Quioto no Japão concluíram a construção do primeiro satélite feito em madeira. Chama-se LignoSat, uma referência à Lignina, o polímero orgânico mais importante que constitui a madeira, e quer oferecer uma potencial solução para o problema do lixo espacial.
O lixo espacial está a tornar-se um problema tão sério que, em 2022, a FCC (Federal Communications Commission) recomendou aos operadores que enviassem os satélites para a Terra num prazo de cinco anos depois de ficarem inoperativos para reduzir a acumulação de lixo espacial. Mas trata-se apenas de uma recomendação e não uma obrigação. Os satélites que não reentram na atmosfera terrestre – intencionalmente ou não – ficam em órbita até ser encontrada uma forma de os trazer de volta para o planeta.
Mas não é só o que fica no espaço que se está a tornar problemático, o que reentra na atmosfera também. Em Outubro, a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) descobriu que os veículos espaciais que se desintegram durante a reentrada deixam um rasto de metais em forma de aerossol que ficam suspensos indefinidamente na estratosfera porque se ligam a partículas de ácido sulfúrico. Se os mais de 7000 satélites que estão numa órbita de baixa altitude reentrassem todos de uma vez o metal libertado ligar-se-ia a metade da quantidade total de ácido sulfúrico que está suspenso na atmosfera.
A substituição de alguns componentes metálicos dos satélites com madeira pode reduzir a quantidade de metal que está no espaço ou que fica na atmosfera. No início desta década uma equipa da Universidade de Quioto começou uma colaboração com a Sumitomo Forestry, uma empresa japonesa de processamento de madeira, para testar a resistência de vários tipos de madeiras. Começaram por medir a capacidade de aguentar temperaturas extremas e o vácuo. Em 2021, a JAXA (Japan Aerospace Exploration Agency) enviou várias amostras de madeira para a Estação Espacial Internacional, onde ficaram expostas durante 10 meses na plataforma de experiências no vácuo do espaço do módulo Kibo.
A falta de oxigénio e de humidade no espaço permitiram a sobrevivência de todas as amostras de madeira depois de meses de exposição a raios cósmicos e partículas solares. Mas a madeira de Magnólia foi a escolhida por causa da estabilidade e pela facilidade em ser trabalhada. Posteriormente, a equipa começou a construir um pequeno satélite feito com esta madeira que agora está pronto para seguir para o espaço.
De acordo com a BBC, o LignoSat vai provavelmente ser lançado no foguetão Cygnus, uma missão colaborativa organizada pela Oribital Sciences e pela Northrop Grumman, que vai levar material para a Estação Espacial Internacional este ano. Se não for possível embarcar o satélite nessa altura, a outra opção é o lançamento durante uma das próximas missões da Dragon da SpaceX.