Depois de terem sido bem-sucedidos na utilização de comunicações quânticas através de cabos de fibra óptica, cientistas russos e chineses conseguiram usar um sistema semelhante para comunicar via satélite. Para tal usaram o satélite quântico chinês Mozi. Estes testes têm o objectivo de criar uma rede de comunicações encriptadas.
De acordo com o jornal South China Morning Post, o teste foi conduzido a partir de uma estação terrestre perto de Moscovo que comunicou através do satélite Mozi com uma outra estação a 3600 km em Urumqi na China.
O satélite Mozi (também conhecido como Micius) usado neste teste de comunicações quânticas, está em órbita desde 2016 e é operado pela Academia das Ciências da China. A colaboração com a equipa de cientistas russos começou em 2020. Em Março de 2023, foi conduzida uma experiência de comunicação quântica entre as duas estações terrestres usando chaves de encriptação do Mozi para enviar e receber duas mensagens cifradas.
As mensagens usadas em Março de 2023 tinham um conteúdo inócuo: uma citação do filósofo chinês Mozi e uma equação do físico soviético Lev Landau. No teste mais recente, levado a cabo a 14 de Dezembro de 2023, também foram trocadas mensagens encriptadas usando as chaves do satélite.
Por ‘comunicações quânticas’ entende-se a utilização de qubits (bits quânticos) para codificar o conteúdo das mensagens. Os qubits, tal como os bits tradicionais, podem conter informação binária. No entanto, os qubits são muito susceptíveis a interferência externa, isto quer dizer que é mais fácil de perceber se uma mensagem foi interceptada ou alterada de qualquer forma.
Teoricamente, as comunicações quânticas são a forma mais segura de comunicação de dados devido a usarem princípios da mecânica quântica para serem impossíveis de descodificar sem que esse processo seja detectado. Os principais inconvenientes desta tecnologia são a adopção muito limitada da computação quântica e, devido às limitações da tecnologia actual, terem um alcance muito limitado, cerca de 1000 km, devido à perda de fotões que ocorre nos cabos de fibra de muito longa distância. A utilização de satélites neste tipo de comunicações pode minimizar pelo menos o problema do alcance e pode potenciar a implementação de redes de comunicações quânticas internacionais.
Apesar deste avanço, não se sabe ainda como é que esta tecnologia consegue lidar com os tipos de comunicações usados actualmente, como videochamadas. Em 2017 foi efectuada uma chamada de voz entre a China e Áustria, o que indicia a possibilidade de comunicações que usam mais largura de banda.