Tenho um fascínio por megalómanos. São pessoas que vivem na intersecção do génio, da loucura, da irresponsabilidade. Muitos afundam-se sozinhos, mas Elon Musk parece querer levar-nos com ele. O que é que se passa com este homem que, por mais brilhante que digam que é, age como uma criança caprichosa?
Guardei tantos artigos sobre as avarias do Elon, que cinco anos de PCGuia não chegariam para os imprimir. O seu resumo biográfico parece feito pelo gabinete do Kim Jong Un: leu a Enciclopédia Britânica com nove anos, ensinou-se a programar em três dias, arranjou um estágio por ser descarado, formou-se em duas especialidades de administração e vendeu a sua primeira empresa aos 27 anos.
Co-fundou o PayPal (ênfase no ‘co’ – e esse, sim, mudou o mundo) para, de seguida, entrar na sua fase megalómana com projectos que alternam entre o implosivo e o literalmente explosivo. O X/Twitter é o relato do declínio da civilização ocidental, enquanto a Space X fornece as imagens mais espectaculares do que é um falhanço. O Hyperloop continua bem enterrado e a Tesla cria veículos que não convencem.
Os fãs do Elon já devem estar a espumar-se comigo: «Mas ele teve sucesso noutras áreas e produtos». Pois, amigos Muskitos, mas não será deles de que falará a História.
O problema é que Elon é um monstro criado pelo vazio deixado por Steve Jobs e que outros (Zuckerberg, Altman, Bankman-Fried, Holmes) quiseram ocupar. Muita gente precisa de um líder carismático e são estes, os tipos que veneram – os profetas de uma nova era de abundância tecnológica. Não aprendemos nada com os erros da religião.
Há quem o desculpe com o dinheiro. Tem tanto que pode fazer o que quiser. Mas, lá diz o ditado, ‘com o poder vem a responsabilidade’ – e ele parece só estar interessado em usar o seu poder de forma irresponsável. Se o vosso chefe se comportasse como o Musk, já estariam a actualizar o vosso LinkedIn e passariam horas no café a falar mal dele.
Alguém precisa de ajudar o Elon porque, como ele está, nós não estaremos bem.