As redes móveis são uma parte tão integrante do nosso dia a dia, que é quase impensável viver sem as mesmas. A sua importância é tão grande que muitos dos seus utilizadores já abandonaram todo tipo de ligações fixas a redes de comunicações e têm nos seus smartphones o principal, senão o único, ponto de acesso à sua vida digital.
A adopção massiva desta tecnologia catalisou a sua vertiginosa evolução, encurtando ciclos evolucionários e as transições entre gerações, na infraestrutura. No actual ponto evolutivo em que se massifica a implementação das redes de quinta geração, e se desenha já o 6G, destaca-se também pela desactivação progressiva dos serviços das gerações anteriores. A necessidade de aumentar a eficiência e gestão do espectro disponível para as telecomunicações móveis é essencial para fazer face ao crescente número de utilizadores e utilizações feitas nestas redes, especialmente crítica em zonas de maior concentração populacional.
Mas, ao mesmo tempo podemos verificar que, quando nos afastamos das grandes cidades, não são raros os momentos em que a cobertura 5G é inexistente; muitas das vezes, apenas redes de terceira ou até mesmo de segunda geração estão implementadas nesses locais. A inviabilidade comercial e a necessidade de uma rede distributiva mais concentrada para assegurar os serviços de nova geração cria enormes disparidades na qualidade do serviço, mediante o ponto no mapa em que nos encontramos.
Por outro lado, o facto de hoje em dia muitos outros dispositivos, além dos telemóveis, tirarem partido das redes de telecomunicações, cria novos problemas. Não só ao nível da pressão sobre as redes, mas também sobre a usabilidade dos mesmos, durante toda a sua vida. São cada vez mais os dispositivos que, pela sua natureza, têm uma expectativa de uso muito mais alargada que um telemóvel, que vêem a sua usabilidade restringida a partir do momento que lhes foi integrado um sistema de telemática, baseado numa determinada geração de telecomunicações.
Esta é uma realidade que já se pode ver em dispositivos como contadores eléctricos “inteligentes”, localizadores GPS e, até mesmos, automóveis que, por estarem equipados apenas com sistemas de comunicação baseados em redes 3G, perdem total ou parcialmente a sua utilidade, no momento em que estas redes deixarem de existir.
Um serviço tão essencial como o das telecomunicações, requer, em nome da sustentabilidade, eficiência do uso do espectro disponível e da igualdade de acesso ao serviço. Este é uma regulamentação global que passa, garantidamente, pela partilha de infraestrutura entre operadores; pelo uso de protocolos de implementação, comunicação e mediação abertos; pela obrigatoriedade de cobertura global; e por um legado de serviços comuns. Sem isso, e com a “morte” de cada geração, enterraremos também todas as suas infraestruturas agregadas e desperdiçaremos uma enorme quantidade de recursos válidos.