A morte dos suportes de físicos de áudio, que começou a desenhar-se nos anos noventa com o aparecimento do MP3, ditou o desaparecimento dos Walkman originais (K7) e, mais tarde, dos Diskman (CD). O último “prego no caixão” foi o aparecimento dos smartphones. Para apelar à nostalgia dos “filhos” dos anos setenta e oitenta, a Sony revitalizou a marca Walkman com leitores de áudio digitais, ecrã sensível ao toque e sistema operativo Android 12. Perante isto, a pergunta é legítima: ‘Para quê uma coisa destas, se o meu telefone já reproduz música?». A resposta está na peça mais importante da reprodução, neste contexto, o DAC, ou conversor analógico/digital. Os que vêm na maioria dos smartphones servem, mas não são, de longe, os melhores. Por isso, a Sony instalou um DAC de alta qualidade nestes Walkman do novo século.
O problema com isto é que o software não faz grande justiça à qualidade do hardware: a navegação é lenta e o sistema é complicado demais para um leitor de áudio, já para não dizer que o ecrã é pequeno demais para a maioria das coisas que são necessárias fazer no Android, como inserir passwords. O teclado faz lembrar aqueles relógios com calculadora da Casio, populares nos anos oitenta.
Como a Sony não mexeu quase nada no Android que incluiu no NW-A306, o reprodutor de áudio padrão é uma aplicação que tem de ser activada. E não é só copiar uns ficheiros para a memória e começar a ouvir. Primeiro, o Walkman não é detectado automaticamente pelo PC como um suporte de dados e quem não perceber minimamente disto pode sentir alguma frustração. Depois de copiar os ficheiros, a app actualiza a biblioteca e acede à Internet, para ir buscar as capas dos álbuns e os nomes dos temas baseando-se nos metadados que já estão nos ficheiros de áudio, o que, por vezes falha. Este Walkman é capaz de ler MP3 e ficheiros de áudio sem perda de qualidade, como os FLAC. A qualidade do áudio é boa, principalmente quando se usam auscultadores com fios, mas se usarmos Bluetooth, é praticamente a mesma que se consegue com um smartphone topo de gama. Ao contrário do que acontece com outros DAC, este não oferece, aparentemente, qualquer melhoramento de som, quando se ouvem MP3, o que é pena.
Houve apenas uma coisa de que gostei, no software: quando se coloca o NW-A306 na horizontal, a imagem no ecrã muda para a de uma cassete, tendo em conta o tipo de áudio: se estiver a tocar um MP3, aparece uma de tipo ‘Normal’; se for um ficheiro FLAC abaixo dos 24 bits, temos uma ‘Crómio’; depois, se for de 24 bits, surge uma ‘Metal’. Mas quem as desenhou, nunca deve ter mexido em cassetes porque as nomenclaturas estão erradas.
Distribuidor: Sony
Preço: €400