Todos os aparelhos de ar condicionado e bombas de calor tradicionais usam um qualquer tipo gás refrigerante para arrefecer ou aquecer todos os tipos de veículos e de instalações domésticas ou industriais. Estes gases podem ser prejudiciais para o ambiente, directa ou indirectamente. Agora, este problema pode estar à beira de ser resolvido, graças a uma equipa de cientistas europeus, que descobriu que se podem usar novos materiais cerâmicos para obter um efeito de refrigeração ou de aquecimento semelhante.
Um estudo, publicado recentemente na revista Nature, descreve um novo material ‘electrocalórico’, uma nova tecnologia que permite aquecer ou refrigerar o ambiente sem utilização de gases refrigerantes. Através da combinação de várias técnicas já existentes, uma equipa de cientistas do LIST (Luxembourg Institute of Science and Technology) desenvolveu um protótipo que usa um material cerâmico com um forte efeito electrocalórico.
Um sistema electrocalórico aquece quando é exposto a efeitos eléctricos, porque os átomos do material são forçados a alinharem-se numa única direcção, como se se usasse um pente. Os níveis de entropia são reduzidos e os átomos alinhados vibram mais depressa, aumentando assim a temperatura do material.
O protótipo usa um líquido que passa entre placas de material cerâmico para remover o calor excessivo que é gerado. Se o campo eléctrico for desligado, o efeito é invertido e o material torna-se mais frio que a temperatura ambiente, removendo assim calor do líquido.
Segundo Neil Mathur da Universidade de Cambridge, o material demonstrou um “desempenho excelente”. Quando é usado numa câmara frigorífica, ou num aparelho de ar condicionado, o novo material pode ser usado para dispersar calor para o exterior, mantendo o interior frio. Inversamente, quando é usado numa bomba de calor, o ar no exterior é arrefecido através da extracção de calor que é conduzido ao interior.
Os aparelhos de ar condicionado actuais são muito eficientes, mas necessitam de usar gases refrigerantes, como os hidrofluorcarbonetos ou amónia, que podem ter um impacto directo ou indirecto no ambiente. Este protótipo não usa nenhum destes gases e também tem muito potencial de miniaturização porque não há necessidade de usar um compressor.
Como muitas novas tecnologias, e apesar do potencial, esta tecnologia ainda não está pronta para comercialização. É necessário refiná-la para aumentar a eficiência do material. Um outro objectivo é o de tornar esta tecnologia suficientemente competitiva para conseguir concorrer com a usada actualmente em nos sistemas de ar condicionado.