A edição de 2023 da Web Summit está transformada num viveiro de inteligência artificial. Quer no palco principal, quer nos mais pequenos que existem distribuídos pelos cinco pavilhões da FIL, as conversas sobre IA são (e vão ser) o prato do dia desta conferência sobre tecnologia que acontece em Lisboa há sete anos.
O papel da IA no jornalismo era um dos temas cuja discussão seria de esperar, à luz desta tendência: foi o que aconteceu durante o primeiro dia da Web Summit, num painel com Athan Stephanopoulos (chief digital officer da CNN) e Ed Fraser (managing editor do Channel 4, uma estação do Reino Unido).
Ambos os responsáveis acreditam que a IA não vai substituir os jornalistas, mas sim ajudar a fazer tarefas «mundanas», para ficarem com mais tempo para fazer aquilo que sabem fazer melhor: «Noticiar». Entre os casos onde a inteligência artificial pode entrar em cena é na «desgravação de entrevistas», dar ângulos para fazer uma investigação ou uma reportagem» e criar «infografias, gráficos ou outros suportes visuais de informação».
Desta forma, as plataformas de IA, como o ChatGPT, vão actuar mais como um «co-piloto, na recolha informação», disse Athan Stephanopoulos; Ed Fraser lembrou ainda que esta tecnologia pode também ajudar «equipas de investigação». Um campo onde ambos os responsáveis não vêem a IA a ser útil é no fact-checking: «Temos de ser cínicos com a inteligência artificial, não podemos retirar o ser humano desta equação», avisou o managing editor do Channel 4.
Uma vez que a IA já é incontornável nas redacções, Athan Stephanopoulos defende que cada meio de comunicação social deve criar «standards e regras» que descrevam em que situações se pode usar IA e de que forma é que os jornalistas podem recorrer a esta tecnologia, principalmente na sua vertente generativa.
Ed Fraser fechou esta conversa sobre IA no jornalismo com uma chamada de atenção: «Em 2024 vamos assistir a momentos desafiantes: temos as eleições nos EUA e no Reino Unido, com o perigo de ser criada informação e contra-informação com IA e deep fakes. Será preciso que os jornalistas estejam na sua melhor forma para identificar conteúdos falsos e enganadores».