Correndo o risco de me cancelarem a coluna por a tornar inútil com esta ideia, venho dizer-vos que as redes sociais já eram. Do Reddit ao Twitter, passando por um Facebook tão vazio como o Meta universo que propôs, até à sobre-estimulação sináptica do TikTok, as redes sociais são uma coisa do passado. O que delas sobra? Cocó.
Foi Cory Doctorow que sugeriu o termo. Num texto chamado The ‘Enshittification’ of TikTok, Doctorow explica como a “cocoficação” das redes funciona: primeiro, são boas para os utilizadores; depois, abusam dos utilizadores para beneficiar os seus clientes (que podem ser empresas, estados, grupos de pressão, outros utilizadores com um plano comercial); a seguir, abusam desses clientes para obter máximo retorno. Finalmente, morrem.
Foi o que aconteceu ao Facebook. É o que está a acontecer ao Reddit, ao Instagram e ao TikTok. O Twitter é um caso clínico. Das fotos das férias às quintas virtuais – o mais parecido com uma meta-realidade que o Zuckerberg alguma vez conseguiu fazer – as redes tornaram-se sítios horríveis de estar.
Ted Gioia dá 30 Signs You Are Living in an Information Crap-pocalypse, dos quais destaco três: criámos uma sociedade onde o plágio e a mentira dos influencers são mais valorizados que a verdade; avaliamos tudo por métricas como cliques e likes em vez do seu valor intrínseco; reduziu-se o que é complexo a segundos, a uma frase, a uma amostra insuficiente da realidade.
Enrique Dans disse, no artigo Social media are now like old media, only much, much worse, que as redes sociais só servem para expor conteúdo, gerar reacções e recolher esses dados para explorá-los até ao tutano. Para ele, o lado social das redes desapareceu há muito. Servem para promover estilos de vida, ideias, produtos, ideologias. Deixámos de comunicar para passar a vender. Transformámos os amigos em público-alvo.
É caso para dizer «há já muito tempo que, nesta latrina, o ar se tornou irrespirável». E nem sequer comecei a falar do LinkedIn.